São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2010

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Cameron completa cem dias à espera de tempos difíceis


Pesquisas mostram aprovação ao primeiro-ministro, mas a agenda prevê sequência de medidas impopulares

Dentro de dois meses, novo governo do Reino Unido vai anunciar cortes pesados para reduzir deficit público


VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O novo governo britânico, capitaneado pelo conservador David Cameron, completou ontem 100 dias. Mas, mais que comemorar realizações, há um temor pelo que virá, tanto na esfera econômica quanto na política.
Por enquanto, pesquisas de opinião mostram aprovação do primeiro-ministro.
Segundo levantamento feito a pedido do jornal "The Guardian", 57% dos britânicos acreditam que Cameron faz um bom governo; eram 54% em junho.
O problema são as previsões de más notícias. Em outubro, serão detalhados os cortes a serem feitos para reduzir o déficit público.
A intenção é economizar 25%, mas alguns ministérios devem ter cortes de 40%.
Só o sistema de saúde e a ajuda externa serão poupados. Até mesmo programas sociais como auxílio creche e subsídios para os mais velhos pagarem aquecimento no inverno terão redução.
Haverá congelamento de salários e demissão de servidores, e os sindicatos já ameaçam com greves.
Ontem, Nick Clegg, vice-primeiro-ministro, tentou desviar o foco dos cortes. "Este governo é muito mais do que os cortes. Temos a determinação de criar uma país com mais mobilidade social", afirmou.
Depois pediu que o julgamento fosse feito após cinco anos de governo, não agora.
Clegg é líder do partido Liberal Democrata, que se uniu ao Conservador para criar um governo de coalizão após nenhuma agremiação sair das eleições de maio com maioria absoluta no Parlamento.
Mas até essa coalizão está sob risco. Pesquisas mostram que cresce o descontentamento dos eleitores do partido com os rumos adotados pelo governo.
Além disso, o vice-líder dos liberais-democratas, Simon Hughes, disse que o partido precisa ter direito de vetar algumas das medidas que o governo pretende tomar. Caso contrário, afirmou, podem não apoiá-las no momento da votação

Impostos
Há ainda outro evento impopular no calendário.
Começa a valer em janeiro o aumento no VAT, imposto que todo mundo paga na hora de fazer compras. Passará de 17,5% para 20%.
Será um choque num país de salários quase congelados e inflação de mais de 3% ao ano, acima das metas do próprio governo e dos padrões europeus.


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