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Cameron completa cem dias à espera de tempos difíceis
Pesquisas mostram aprovação ao primeiro-ministro, mas a agenda prevê sequência de medidas impopulares
Dentro de dois meses, novo governo do Reino Unido vai anunciar cortes pesados para reduzir deficit público
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
O novo governo britânico,
capitaneado pelo conservador David Cameron, completou ontem 100 dias. Mas,
mais que comemorar realizações, há um temor pelo que
virá, tanto na esfera econômica quanto na política.
Por enquanto, pesquisas
de opinião mostram aprovação do primeiro-ministro.
Segundo levantamento
feito a pedido do jornal "The
Guardian", 57% dos britânicos acreditam que Cameron
faz um bom governo; eram
54% em junho.
O problema são as previsões de más notícias. Em outubro, serão detalhados os
cortes a serem feitos para reduzir o déficit público.
A intenção é economizar
25%, mas alguns ministérios
devem ter cortes de 40%.
Só o sistema de saúde e a
ajuda externa serão poupados. Até mesmo programas
sociais como auxílio creche e
subsídios para os mais velhos pagarem aquecimento
no inverno terão redução.
Haverá congelamento de
salários e demissão de servidores, e os sindicatos já
ameaçam com greves.
Ontem, Nick Clegg, vice-primeiro-ministro, tentou
desviar o foco dos cortes.
"Este governo é muito mais
do que os cortes. Temos a
determinação de criar uma
país com mais mobilidade
social", afirmou.
Depois pediu que o julgamento fosse feito após cinco
anos de governo, não agora.
Clegg é líder do partido Liberal Democrata, que se
uniu ao Conservador para
criar um governo de coalizão
após nenhuma agremiação
sair das eleições de maio
com maioria absoluta no
Parlamento.
Mas até essa coalizão está
sob risco. Pesquisas mostram
que cresce o descontentamento dos eleitores do partido com os rumos adotados
pelo governo.
Além disso, o vice-líder
dos liberais-democratas, Simon Hughes, disse que o
partido precisa ter direito de
vetar algumas das medidas
que o governo pretende tomar. Caso contrário, afirmou,
podem não apoiá-las no momento da votação
Impostos
Há ainda outro evento impopular no calendário.
Começa a valer em janeiro o aumento no VAT,
imposto que todo mundo
paga na hora de fazer
compras. Passará de 17,5%
para 20%.
Será um choque num
país de salários quase
congelados e inflação de
mais de 3% ao ano, acima
das metas do próprio governo e dos padrões europeus.
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