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DISPUTA DE FRONTEIRA
Países vão aceitar a proposta brasileira de transformar em parque ecológico a área em litígio
Peru e Equador acertam itens de acordo
RUI NOGUEIRA
da Sucursal de Brasília
RENATA GIRALDI
da Sucursal de Brasília
O Brasil e os demais países garantes (Estados Unidos, Argentina e Chile) terão de enviar mais
tropas para a região da fronteira
em litígio entre o Peru e o Equador. Apesar desse aumento da
presença militar, o acordo de paz
nunca esteve tão perto de ser fechado.
A Folha apurou que Peru e
Equador vão mesmo aceitar a solução de transformar os 78 quilômetros disputados, na cordilheira
do Condor (região amazônica),
em um parque ecológico administrado por uma comissão mista
composta por representantes dos
dois governos.
No final de maio, durante um
encontro de FHC com Fujimori,
em Brasília, chegou-se a temer pelo fim da proposta de criação do
parque. Por um erro da assessoria
de imprensa do Planalto, a proposta vazou. Isso irritou peruanos
e equatorianos.
O número de militares da Momep (Missão de Observadores Militares Equador-Peru) vai aumentar porque, pelo acordo firmado
na semana passada, a área a vigiar
cresceu em mais 600 km2 -as tropas dos garantes já estão em 400
km2.
A nova região sob observação da
Momep fica 18 quilômetros ao sul
dos 400 km2 situados na cordilheira do Condor. Os militares vão
ficar no meio das patrulhas equatorianas e peruanas para tentar
evitar que qualquer atrito deite a
perder as negociações diplomáticas em curso.
Dos quatro acordos em negociação, dois estão praticamente fechados: o da integração fronteiriça
(que é negociado em Washington)
e o da segurança e confiança mútua (negociado em Santiago). A
corrida contra o tempo é para fechar os acordos de delimitação de
fronteiras (negociado em Brasília)
e o de navegação (Buenos Aires).
Resistências
O governo equatoriano ainda faz
objeções aos locais dos marcos físicos a serem colocados no futuro
parque. O governo peruano preferia a criação de uma reserva ambiental, sem limites fronteiriços.
Há também, por parte dos peruanos, restrições ao monumento
dedicado à paz, sugerido pelos
países garantes (Brasil, EUA, Argentina e Chile).
Para tentar garantir que as negociações diplomáticas não sejam
interrompidas pelos atritos militares registrados 15 dias atrás, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso escreveu aos chefes de
Estado dos dois países, Alberto
Fujimori (Peru) e Jamil Mahuad
(Equador).
A Mahuad pediu que o país
abandonasse a idéia de prorrogar
as negociações sem data-limite
para um acordo final. O presidente equatoriano pediu prazo de
duas semanas para negociar com
os setores nacionalistas, que resistem a alguns detalhes do acordo.
A carta a Fujimori foi entregue,
pessoalmente, pelo ministro-chefe do Emfa brasileiro (Estado-Maior das Forças Armadas), o
general Benedito Leonel, na quarta-feira da semana passada.
FHC afirmou a Fujimori que há
empenho para que as negociações
não sejam adiadas e pediu que o
governo peruano compreendesse
as dificuldades internas existentes
no Equador para alcançar o consenso.
Soberania
FHC também pediu a Fujimori
que desistisse da idéia dos chefes
militares peruanos de simplesmente afastar os militares equatorianos da nova área em litígio -o
Equador poderia entender esse
gesto como uma interferência na
soberania do país, uma vez que o
acordo final ainda não está assinado e equatorianos e peruanos têm
os mesmos direitos de transitar na
região.
Nessa área, onde os observadores da Momep serão postados entre equatorianos e peruanos, chegaram a ser feridos pelo menos
um oficial e um cabo das Forças
Armadas do Peru.
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