São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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PLEITO

Jovens acreditam que emprego não será prioridade

Eleição não dá esperança a jovens desempregados na Alemanha

MÁRCIO SENNE DE MORAES
ENVIADO ESPECIAL A DRESDEN

O pleito legislativo do próximo domingo não é visto por jovens desempregados como uma perspectiva de melhora da situação do mercado de trabalho de Dresden, na Saxônia (leste), cidade com cerca de 600 mil habitantes e uma das mais altas taxas de desemprego da Alemanha -14,7%.
Para desempregados ouvidos pela Folha, o próximo chanceler (premiê), seja o social-democrata Gerhard Schröder, que busca a reeleição, seja o conservador Edmund Stoiber, governador da rica Baviera, não terá a inserção dos jovens do leste do país no mercado de trabalho como prioridade.
"Em Berlim, os políticos têm em mente "grandes temas", como a expansão da União Européia, que, aliás, só vai agravar nossa situação, já que os trabalhadores do leste europeu aceitam receber salários mais baixos que os nossos. Só nos resta o esforço individual", afirmou Bela Hentz, 25, encanador desempregado há seis meses.
"Mesmo que arrumemos emprego, ainda seremos cidadãos de segunda classe. Uma enfermeira de Munique [sul] ou de Colônia [centro-oeste] ganha muito mais que uma daqui", disse Jana Neumann, 22, auxiliar de enfermagem sem trabalho há três meses.
O governo federal, por meio de seu Escritório do Trabalho local, afirma tentar auxiliá-los.
"Por ano, em Dresden, por volta de 3.500 jovens são favorecidos por nossos programas de formação continuada, totalizando um investimento de 70 milhões. Afinal, o grande problema desses jovens é a falta de formação profissional", declarou Rainer Führer, porta-voz do Escritório do Trabalho de Dresden.
Paradoxalmente, para os desempregados, uma luz no fim do túnel veio da das inundações que atingiram a cidade em agosto. "Com o trabalho de reconstrução que será necessário, muitos acharão emprego", disse Führer.
Mas, como mostrou a experiência dos primeiros seis anos pós-reunificação, esse tipo de ocupação não dura muito tempo. Segundo Führer, em 1989, ano da queda do Muro de Berlim, Dresden tinha 20 mil pessoas empregadas na construção civil -e 32 mil em 1995. Mas hoje, antes do início dos esforços de reconstrução das infra-estruturas danificadas pelas águas, elas são só 13 mil.
A Alemanha, cuja população é de 81 milhões de habitantes, tem pouco mais de 10% de sua mão-de-obra ativa desempregada. Nos 11 antigos Estados do país, a taxa é de 7,8% -enquanto os cinco novos (da ex-Alemanha Oriental) apresentam 17,7% em média.
Duas pesquisas divulgadas ontem indicam empate técnico entre os dois favoritos para vencer as eleições. Segundo o instituto Forsa, os social-democratas têm 40% das intenções de voto, e os conservadores, 38% (margem de erro de 2,5 pontos percentuais). De acordo com o instituto Allensbach, Stoiber tem o apoio de 37,3% da população, e Schröder, 37%.


O jornalista Márcio Senne de Moraes viajou a convite do Escritório Federal de Imprensa da Alemanha


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