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ORIENTE MÉDIO
Americano culpa presidente da ANP por paralisia do plano de paz; Hamas poderá integrar novo governo palestino
Bush chama Arafat de "líder fracassado"
DA REDAÇÃO
O presidente George W. Bush
reconheceu ontem que o plano de
paz israelo-palestino, cujo principal patrocinador são os EUA, está
paralisado e jogou a culpa no presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat.
"Arafat é um líder fracassado"
disse Bush, em entrevista ao lado
do rei Abdullah, da Jordânia, em
Camp David (casa de campo da
Presidência dos EUA).
O presidente acusou Arafat de
ter minado os esforços do ex-premiê palestino Mahmoud Abbas,
que era apoiado pelos EUA, de
impedir que grupos terroristas
palestinos realizassem mais atentados contra Israel. "Por isso estamos agora paralisados", afirmou.
Bush disse, no entanto, que continua firmemente comprometido
com o plano de paz, aceito, ao menos teoricamente, por Israel e pela
liderança palestina em julho.
O plano previa que tanto a ANP
quanto Israel adotassem medidas
para reduzir a violência, mas o
que se viu nas últimas semanas foi
um recrudescimento dos ataques
terroristas e das ações israelenses.
Os EUA e Israel acusam Arafat
de não fazer muita coisa para impedir a atuação dos grupos terroristas -o que ele nega- e querem que os palestinos busquem
um novo líder, mais jovem e moderado, para conduzir o processo
de paz.
Em abril, o moderado Mahmoud Abbas (mais conhecido como Abu Mazen) foi indicado premiê, mas acabou renunciando
após ter fracassado em controlar
as forças de segurança palestinas,
influenciadas por Arafat.
O ministro do Trabalho palestino, Ghassan al Khatib, criticou a
declaração de Bush: "Ele continua
a adotar uma postura (...) que
mostra uma falta de sensibilidade
ao nosso desejo de determinar
nossa própria liderança. Isso não
é construtivo e não está em harmonia com o compromisso americano com a democracia".
Anteontem, os EUA vetaram
uma proposta de resolução apresentada pela Síria ao Conselho de
Segurança da ONU que exigia que
Israel desistisse de seus planos de
"remover" Arafat, decisão anunciada na semana passada.
A pedido dos países árabes, a
Assembléia Geral da ONU, que
começou nesta semana, em Nova
York, realizará hoje uma sessão
de emergência para discutir a
ameaça a Arafat.
Hamas no governo
Enquanto Bush qualificava Arafat como "um líder fracassado", o
presidente da ANP reunia-se com
seu premiê indicado, Ahmed Korei, para definir a formação do novo governo palestino.
O novo gabinete deverá incluir
um apoiador do Hamas, grupo
extremista responsável pela
maioria dos atentados contra Israel, e um nome próximo aos
EUA.
Desde que Israel anunciou, na
semana passada, sua decisão de
"remover" Arafat, os palestinos
têm feito questão de demonstrar
que o presidente da ANP ainda é o
principal líder palestino. Centenas de pessoas têm se manifestado diariamente em frente a seu
QG, em Ramallah (Cisjordânia),
onde Arafat está cercado por tropas israelenses há 21 meses.
O próprio Korei já deixou claro
que não pretende desafiar a liderança do presidente da ANP.
"Quero um governo apoiado pela
população palestina e pela liderança palestina", disse Korei, após
a reunião com Arafat e outros líderes do movimento Fatah, majoritário entre os palestinos.
Arafat deverá ter voz decisiva na
escolha dos 24 nomes que integrarão o governo, a ser anunciado
na próxima semana.
Ontem, foi anunciado que o
apoiador do Hamas, Mousa el Zabout, integrará o gabinete. Não é a
primeira vez que um membro do
grupo extremista participa de um
governo palestino. Mas, no atual
momento, a decisão, se confirmada, deverá suscitar sérias críticas
por parte de Israel e dos EUA.
Com agências internacionais
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