São Paulo, sábado, 19 de setembro de 2009

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Em dia anti-Israel, Irã vive novos protestos

Milhares de opositores aproveitam data oficial que marca repúdio de Teerã a Estado judaico para ir às ruas contra governo

Durante manifestações, ex-presidente reformista é agredido por simpatizantes de Ahmadinejad, que voltou a questionar o Holocausto


Associated Press
Manifestantes da oposição durante protesto contra o governo e que foi reprimido pelas forças de segurança, ontem, em Teerã

DA REDAÇÃO

Milhares de iranianos aproveitaram o Dia de Jerusalém -oportunidade destinada a hostilizar Israel e defender a criação de um Estado palestino- para sair às ruas e protestar contra o presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Os manifestantes de oposição marchavam em Teerã com camisetas verdes e aos gritos de "morte ao ditador". Eles terminaram entrando em confronto com as forças de segurança, atirando pedras e tijolos, enquanto os policiais disparavam bombas de gás lacrimogêneo.
Esse foi um dos maiores protestos da oposição desde meados de julho e aconteceu paralelamente à comemoração organizada ontem pelo governo, no mesmo dia do Ano-Novo judaico. A data é uma grande ocasião política para Teerã reforçar sua posição anti-Israel, por meio de protestos, discursos de autoridades e marchas em que participaram milhares de pessoas em todo o país.
A oposição aproveitou o momento para mostrar que continua atuante e com capacidade de mobilização pouco mais de três meses após a polêmica eleição que reconduziu Ahmadinejad ao poder.
Lideranças importantes dos reformistas participaram da marcha, em desafio direto às ordens do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, que tinha proibido manifestações contra o governo no Dia de Jerusalém.
Em um dos protestos, simpatizantes do regime conseguiram interceptar um grupo de manifestantes e atacaram o ex-presidente Mohammad Khatami (1997-2005). A hostilidade foi rapidamente repelida pelos manifestantes. Khatami não ficou ferido, mas sua túnica foi rasgada, segundo testemunhas.
Em outro ponto da cidade, os partidários do governo tentaram atacar o líder opositor Mir Hossein Mousavi, que se juntara a outro grupo de manifestantes. Segundo testemunhas, ele conseguiu entrar em seu carro e escapou, enquanto manifestantes continham agressores.
Não houve relatos de tiroteios ou mortos, mas testemunhas afirmam que mais de dez pessoas foram detidas. Ao menos dois manifestantes ficaram feridos durante os confrontos.

Negacionismo
Os protestos da oposição, embora numerosos, foram bem menores que as manifestações que tiveram apoio do governo. Apesar de o pretexto ser o apoio aos palestinos e, principalmente, a oposição a Israel, simpatizantes do regime usaram a ocasião também para mostrar o apoio ao governo, entoando gritos de "morte àqueles que se opõem ao líder supremo".
Durante as comemorações oficiais, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, voltou a negar o Holocausto. Em discurso a fiéis, na Universidade de Teerã, ele questionou se o Holocausto "foi um evento real" e afirmou que Israel foi criado sob a base de "mentiras e argumentos míticos".
A Chancelaria do Reino Unido qualificou as declarações de "repulsivas e ignorantes". Já os EUA disseram que "isso só serve para isolar ainda mais o Irã do resto do mundo".

Com agências internacionais


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