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AMÉRICA LATINA
Relatório israelense indica possibilidade de atentado na tríplice fronteira e leva país a incrementar segurança
Suspeita de terror põe Argentina em alerta
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O governo argentino colocou
em alerta as forças de segurança
do país na área da tríplice fronteira com Brasil e Paraguai por temer que grupos terroristas planejem um atentado na região.
A preocupação do governo surgiu a partir de relatórios elaborados pela agência de inteligência de
Israel -o Mossad- em Buenos
Aires. Os documentos, divulgados ontem pelo jornal "Clarín",
alertam sobre movimentos da organização terrorista Al Qaeda,
controlada por Osama bin Laden,
e do grupo fundamentalista islâmico Hizbollah em Ciudad del Este (Paraguai).
Os relatórios não apontam o alvo do possível ataque, que poderia acontecer na Argentina -onde ocorreram dois grandes atentados terroristas durante a década
de 90-, no Brasil ou em outros
países da região.
A agência israelense afirma, no
entanto, que os alvos mais prováveis seriam empresas multinacionais de origem alemã, francesa, israelense ou norte-americana instaladas na região, além de centros turísticos e aeroportos.
Para evitar o ingresso de possíveis membros de organizações
terroristas na Argentina, o governo informou que reforçou o patrulhamento nas cidades fronteiriças do país e nos aeroportos,
principalmente em Ezeiza -o
maior de Buenos Aires.
Também foram enviados policiais para vigiar grandes empresas
de petróleo e energia localizadas
principalmente em Províncias da
Patagônia (sul). Essas empresas,
assim como as multinacionais,
haviam sido informadas com antecedência sobre os riscos de atentados.
Segundo o governo, a segurança
é feita pela Gendarmería (a polícia
federal militarizada do país), e
não pelas Forças Armadas.
O governo argentino acredita,
segundo documento elaborado
pela Chancelaria com base em informações fornecidas pela Gendarmería, que não existem atividades do Al Qaeda na região. No
entanto haveria a presença "ativa" de membros do Hizbollah,
principalmente para a arrecadação de fundos para a realização de
atos terroristas.
O vice-chefe de gabinete de ministros da Argentina, Eduardo
Amadeo, disse à Folha que o país
decidiu reforçar os controles de
segurança "por prudência".
Ele lembrou que a preocupação
da Argentina com a tríplice fronteira não é recente, mas, antes, era
motivada pelos constantes avisos
do governo dos EUA sobre possíveis células terroristas que atuariam na região feitos desde os atentados de 11 de setembro.
No entanto foi o atentado em
Bali, há sete dias, que fez soar o sinal de alerta na Argentina. A partir do atentado, que deixou cerca
de 180 mortos, boa parte turistas
estrangeiros, teria ficado claro
que não estão sujeitos a atentados
apenas os países desenvolvidos
ou que se alinharam aos EUA na
guerra contra o terrorismo.
Como o atentado em Bali foi
atribuído pelos governos indonésio e norte-americano a membros
da Al Qaeda, o governo argentino
reavaliou as informações fornecidas pela inteligência israelense e
decidiu reforçar a segurança.
"A situação não é crítica de maneira nenhuma, mas havia indícios que justificavam a adoção de
medidas de segurança mais prudentes", disse Amadeo.
Ele também confirmou que o
Ministério das Relações Exteriores da Argentina informou antecipadamente à diplomacia brasileira sobre as medidas de seguranças que seriam tomadas e para
discutir ações conjuntas que possam ser implementadas.
O chanceler paraguaio, José Antoni Moreno Ruffinelli, também
se mostrou "preocupado" e pediu
mais informações aos argentinos.
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