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MISSÃO NO HAITI
Criticado por democratas, general disse que foi citado "fora de contexto" pela agência Radiobrás
Brasileiro chefe de missão da ONU recua de críticas a Kerry
DA REDAÇÃO
Criticado por relacionar, na semana passada, a recente onda de
violência no Haiti a declarações
do candidato democrata à Presidência, John Kerry, o general brasileiro no comando das forças da
Minustah (Missão da ONU de Estabilização no Haiti), Augusto
Heleno Ribeiro Pereira, disse ontem que suas declarações à agência estatal Radiobrás foram usadas "fora do contexto".
"Como soldado, sou absolutamente apolítico. Lamento que tenha havido mal-entendidos e interpretação equivocada às minhas palavras, que foram consideradas fora do contexto na qual
foram expressadas. Não pretendi
interferir na política doméstica de
qualquer Estado-membro", diz o
general Heleno, em nota distribuída a imprensa ontem, originalmente em inglês.
"As declarações foram pessoais
e não refletem a visão do governo
do Brasil nem das Nações Unidas", conclui a nota distribuída
pela sua assessoria.
Em entrevista à Radiobrás divulgada na sexta-feira, o general
Heleno é citado dizendo que declarações de Kerry feitas em março a favor do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide (deposto em fevereiro) criaram a falsa noção de
que ele poderia voltar ao país.
"Há essa esperança, absolutamente infundada, mas que foi
criada pela declaração de um candidato à Presidência da República
nos Estados Unidos. E que foi tomada aqui ao pé da letra e criou
expectativa de que uma situação
de instabilidade no país e uma
mudança na política americana
pudesse contribuir para que o ex-presidente Aristide retornasse ao
país", afirmou o general na entrevista à Radiobrás.
"As declarações foram inapropriadas e não têm a ver com a realidade e o posicionamento atual
da campanha de Kerry [de supostamente ser a favor da volta de
Aristide]", disse à Folha um
membro do comitê democrata
em Washington, sob a condição
do anonimato.
Para o embaixador brasileiro
nos EUA, Roberto Abdenur, o
"assunto está encerrado com a
nota".
"Em um primeiro momento, os
comentários do general caíram
mal na campanha [de Kerry], mas
não se tratava de uma posição oficial do governo brasileiro", disse o
diplomata.
A Folha entrou em contato com
o diretor de jornalismo da Radiobrás, José Roberto Garcez, mas ele
não quis comentar as críticas do
general Heleno.
Colaborou FERNANDO CANZIAN, de
Washington
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