São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 2006

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11 americanos morrem no Iraque; já são 70 no mês

EUA culpam Ramadã e apontam ação em Bagdá

DA REDAÇÃO

Onze soldados dos EUA foram mortos ontem no Iraque, elevando para 70 o número de baixas do Exército americano neste mês. A continuar nesse ritmo, outubro será o terceiro mês mais negativo para as tropas desde a invasão do país, em março de 2003, e o pior desde novembro de 2004, auge da insurgência em Fallujah.
Pelo menos 2.777 soldados americanos já morreram desde o início da guerra -e cerca de 5.500 militares iraquianos, além de 49 mil civis, segundo a organização independente britânica Iraq Body Count.
A notícia chega em péssima hora para o presidente George W. Bush, cuja atuação no Iraque é crescentemente criticada nos EUA. A guerra é um dos principais temas na campanha para as eleições parlamentares, que ocorrem em três semanas.
As autoridades americanas têm duas explicações para o aumento das mortes de americanos: o recrudescimento da violência que costuma ocorrer no mês sagrado do Ramadã -em que combater o "inimigo", segundo muçulmanos radicais, os deixa mais perto de Deus- e a maior presença dos soldados na capital, para onde foram deslocados em agosto, na tentativa de conter os conflitos sectários.
O maior engajamento das tropas nos combates representa um revés nas intenções americanas de gradualmente diminuir sua atuação no país, transferindo para os iraquianos a responsabilidade pela segurança. Apesar de a intenção ser mantida no longo prazo, o aumento da violência entre sunitas e xiitas e as dificuldades do governo para contê-la forçaram uma mudança.
Os EUA pressionam o premiê xiita Nuri al Maliki para que os membros radicais de sua facção sejam controlados. Integrantes da polícia e do Exército iraquianos formaram esquadrões de morte que têm a minoria sunita, que dominava o país no regime de Saddam Hussein, como alvo. Para aplacar as críticas, Maliki destituiu anteontem os dois principais comandantes da polícia.
A situação da violenta milícia xiita Exército Mehdi, fiel ao clérigo radical Muqtada al Sadr, também é fonte de conflito entre os americanos e o premiê. Sadr tem forte influência política e apóia o governo, o que deixa Maliki num impasse.
Ontem, um dos homens-fortes de Sadr, Mazin al Saedi, foi solto, a mando do premiê, após ter sido preso por americanos sob suspeita de seqüestros, assassinatos e torturas. A prisão havia enfurecido os seguidores do clérigo em Bagdá, e o anúncio da libertação ocorreu após encontro de Maliki com Sadr. Questionado a respeito, o premiê disse estar "buscando soluções políticas para todas as crises, o que acabará com todas as detenções e com toda a tensão".

Corte marcial
O Exército dos EUA determinou ontem que oito soldados acusados de assassinar iraquianos sejam levados à corte marcial. O grupo inclui quatro acusados de estuprar uma adolescente e matá-la, junto com sua família, em março. Dois deles podem ser condenados à morte. O ex-soldado Steven Green, 21, que já é julgado pela Justiça comum, é um deles -ele declarou, em sua defesa, que "matar gente no Iraque é como matar uma formiga".


Com agências internacionais


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