No sul dos EUA, democrata é visto como "diferente"

DO "NEW YORK TIMES", EM MOBILE

O retrato feito pela campanha de McCain de Barack Obama como um "outro" misterioso, de passado impenetrável, pode não estar tendo ressonância nas pesquisas nacionais, mas ecoa entre muitos eleitores brancos do sul dos EUA.
Eleitores brancos no sul dos EUA e na Virgínia deixam clara sua desconfiança de Obama -de sua política, sua personalidade e sua origem birracial. Um número substancial de pessoas disse acreditar que sua origem racial é obscura e que lhes dá razões para votar contra ele. E muitos parecem não ter dificuldade em criticar a mistura racial ao mesmo tempo em que dizem que a cor não importa.
"Eu pensaria nele como um outro de raça mista", disse Glenn Reynolds, operário aposentado de 74 anos de Martinsdale, Virgínia, que descreve Obama como "uma pessoa carismática, do tipo que você não consegue odiar nem confiar".
Outros desprezam ambigüidades e partem para ironias racistas. "Ele vai tirar as roseiras [da Casa Branca] e plantar melancias", disse James Halsey.
Mestiços não são incomuns no sul dos EUA, embora, na época da segregação racial, legal e socialmente uma pessoa com qualquer ascendência negra fosse considerada negra.
Mas a histórica candidatura de Obama, que se considera negro, levou alguns eleitores do sul a qualificá-lo como nem negro nem branco. Embora muitos digam que isso lhes incomode, a outros agrada a falta de ligação de Obama com a política afro-americana.
"Ele não vem de uma perspectiva afro-americana", disse Kimi Oaks, voluntária comunitária em Mobile. "Obama não é produto de nenhum gueto."
Já Bud Rowell, petroleiro aposentado em Citronelle, Alabama, afirma que sua experiência o levou a ser mais aberto com as pessoas de raça mista. "Sempre fui contra os negros", diz. Mas, agora com três netos birraciais - "isso foi difícil para mim"- descobriu que "eles também são seres humanos".


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