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Guarda de elite no Irã é alvo de atentados
Ataques de ontem ocorreram perto da fronteira com o Paquistão, em Província de crescente violência étnica e religiosa
Ao menos seis dirigentes
da Guarda Revolucionária iraniana mais de 20 outros morreram; órgão é próximo ao presidente Ahmadinejad
DA REDAÇÃO
Ataques terroristas no sudeste do Irã, perto da fronteira
com o Paquistão, mataram ontem ao menos 35 pessoas, seis
das quais soldados da força de
elite Guarda Revolucionária Islâmica iraniana. Os atentados
já estão sendo considerados os
maiores no Irã em duas décadas, e mais de 20 outros membros da guarda ficaram feridos,
segundo informações oficiais.
Entre os mortos está o vice-comandante das forças terrestres da Guarda Revolucionária,
Nourali Shoushtari. A força de
elite, guardiã da República Islâmica, controla há alguns anos a
segurança da empobrecida
Província de Sistão e Baluquistão, palco dos ataques, para
tentar conter a crescente violência étnica e religiosa local.
Os confrontos têm sido atibuídos principalmente a radicais baluquis, um grupo sunita
que busca a independência.
A TV estatal iraniana afirmou ontem que o Jundallah
("Soldados de Deus"), um grupo de extremistas baluquis baseado no Paquistão, assumiu a
autoria dos ataques. Eles já haviam sido responsabilizados
em maio por outro atentado,
que deixou então 25 mortos.
Além de buscar mais autonomia para os baluquis, o Jundallah diz defender direitos das
minorias sunitas no país, que é
majoritariamente xiita. O grupo mantém laços com baluquis
afegãos e paquistaneses.
Agências iranianas ofereceram informações contraditórias sobre os ataques e o número de vítimas.
Há relatos de que, em um primeiro episódio, um terrorista
suicida detonou explosivos que
carregava em um cinturão dentro de uma mesquita na cidade
fronteiriça de Pishin. Comandantes da Guarda Revolucionária e líderes tribais locais estariam no templo para um encontro com o objetivo de facilitar o diálogo entre diferentes
grupos religiosos locais.
Em outro relato, comandantes que se encaminhavam para
a reunião foram atacados em
uma rodovia.
Depois dos ataques, a Chancelaria iraniana convocou o encarregado de negócios do Paquistão em Teerã para cobrar
explicações. O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou ter informações de
que "elementos de segurança"
paquistaneses estariam envolvidos no massacre.
"Pedimos ao governo do Paquistão que não demore em
apreender os principais elementos desse ataque terrorista", afirmou o presidente.
O governo iraniano afirmou
também que o Jundallah tem
sido encorajado, financiado e
armado pelos EUA e pelo Reino
Unido, que negaram qualquer
envolvimento.
Pressão interna
A Guarda Revolucionária do
Irã é um dos órgãos mais poderosos do governo islâmico e é
particularmente próxima a Ahmadinejad (que é veterano da
instituição).
Criada em 1979 para proteger a Revolução Islâmica, a
Guarda Revolucionária é composta por mais de 120 mil homens (estimativa do Centro de
Estudos Estratégicos de Washington). Apesar de ligado ao
Ministério da Defesa desde
1989, o corpo obedece diretamente ao líder supremo do Irã
-hoje o aiatolá Ali Khamenei-
e existe como uma força separada do Exército.
Dada a importância do grupo
e sua ligação com altas esferas
do governo, a ação eleva especulações de que as minorias iranianas estão tentando explorar
o ambiente de tensão social no
país desde as disputadas eleições presidenciais de junho,
que reconduziram Ahmadinejad ao poder em meio a denúncias de fraudes.
O presidente afirmou ontem
que "os criminosos irão em breve obter a resposta a seus crimes desumanos".
Além de abrigar minorias étnicas e religiosas, a Província
do Sistão e Baluquistão é uma
rota de tráfico de drogas.
Com agências internacionais
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