São Paulo, segunda-feira, 19 de outubro de 2009

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Resistência sunita conta com ajuda externa

France Press
Reunião da Guarda Revolucionária, antes de ataque suicida

DA REDAÇÃO

O Movimento de Resistência Popular do Irã, também conhecido pelo nome persa Jundallah ("Soldados de Deus"), é uma organização que milita com ajuda de forças externas por direitos da minoria sunita do Irã.
Os números oficiais estimam a proporção de sunitas na população iraniana em 9%, mas demógrafos independentes avaliam que seja mais elevada.
Os sunitas, incluindo membros das etnias curda, baluqui e turcomena, encontram dificuldades para ascender a postos políticos importantes na República Islâmica, na qual a palavra final cabe aos clérigos xiitas.
A maior parte da população sunita iraniana se concentra na Província de Sistão e Baluquistão, na fronteira com o Paquistão, país que mantém relações tensas com Teerã e onde se acredita que esteja baseado o comando do Jundallah.
O grupo surgiu em 2003 como dissidência do Movimento Autonomista Baluqui, financiado pelo ditador iraquiano sunita Saddam Hussein nos anos 80 para enfraquecer os xiitas iranianos.
O Jundallah afirma não querer necessariamente a independência de Sistão e Baluquistão, mas uma maior autonomia da região e o reconhecimento da identidade sunita no território do Irã.
A moderação dos objetivos declarados destoa dos métodos violentos usados pelo Jundallah, conhecido pela ousadia de seus ataques, que visam geralmente altos funcionários do governo central iraniano.
Em 2005, o comboio do presidente Mahmoud Ahmadinejad foi alvo de atentado durante uma visita à Província de Sistão e Baluquistão. O presidente saiu ileso, mas um de seus guarda-costas morreu. Em fevereiro de 2007, um ataque do grupo matou 11 membros da Guarda Revolucionária em Zahedan, capital da região.
Um dos ataques mais mortíferos reivindicados pelo Jundallah ocorreu em maio passado, quando um atentado suicida em uma mesquita xiita matou 25 pessoas também em Zahedan. Treze membros da facção foram condenados pelo ataque e enforcados em julho.
A organização diz ter um exército de mil homens e afirma ter matado ao menos 400 soldados iranianos.
Analistas dizem que o Jundallah atende a interesses de inimigos do Irã, mas não está claro quem está por trás do grupo.
Reportagem da TV americana ABC revelou, em 2007, supostas evidências de que o grupo recebe ajuda dos serviços secretos americanos e paquistaneses para desestabilizar o Irã. A inteligência britânica também estaria envolvida. Washington e Londres negam.
Também há relatos de que o Jundallah mantém relações com a Al Qaeda, a rede terrorista sunita que considera os xiitas inimigos, e com traficantes de armas e drogas da região.
O mais provável é que a organização receba dinheiro e armas de várias fontes.


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