São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2010 |
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O IMPÉRIO VOTA Contra Obama, conservador escala Deus
Defesa de liberdade e capital são outros motes de campanha do Tea Party lançada ontem, mirando eleição em 2/11
ANDREA MURTA ENVIADA ESPECIAL A RENO (NEVADA) Capitaneados pela ex-governadora do Alasca Sarah Palin, participantes do movimento ultraconservador Tea Party iniciaram ontem em Reno, no Estado de Nevada, um derradeiro esforço para derrotar nas urnas os democratas no dia 2 de novembro. As palavras de ordem eram "liberdade", "Deus" e "iniciativa privada", e a intenção, manter em alta a aversão popular à atual Casa Branca, que se tornou uma das maiores forças políticas das eleições para o Congresso americano em 2010. A abertura oficial desse esforço se deu com um autodenominado "supercomício" que reuniu estimadas 1.500 a 2.000 pessoas (segundo a organização) em um estacionamento no centro da cidade. "A Rússia telefonou, e querem seu socialismo de volta", afirmava Palin à plateia em delírio. Foi o ato inaugural de mais um tour do grupo Tea Party Express, um dos membros da rede de ativistas que forma o movimento ultraconservador. O grupo passará as próximas duas semanas em excursão com três ônibus e 27 pessoas por 30 cidades. A cada parada, um novo comício. A julgar pelo de ontem, a regra é trazer uma sucessão de palestrantes que deixam muito claro o que não querem: a expansão da máquina pública. Pelo que substituir as propostas da Casa Branca não fica muito claro. Mas que não se subestime a influência política da ultradireita neste ano, especialmente em lugares mais afetados pela crise, como é o caso de Nevada, com desemprego em 14%. Enquanto o comício prosseguia, o instituto Rasmussen divulgava a última pesquisa para a disputa pelo Senado no Estado, que mostrava a queridinha do Tea Party Sharron Angle três pontos à frente do democrata mais poderoso da Casa, Harry Reid (50% a 47%). FRASES DE EFEITO O apoio do Tea Party, ao lado da impopularidade de Harry Reid, é um dos motivos para os resultados de Angle. Uma das últimas a falar, Palin foi a estrela do evento. Microfone na mão, páginas de discurso no pódio, ela dizia uma coleção de frases de efeito que defendiam as Forças Armadas, o empreendedorismo, a independência e o bom senso popular. "Minha política externa é: nós vencemos, eles perdem." "Liberdade é nosso direito divino e vale morrer por ele. Nossos soldados são uma força do bem no mundo. (...) O que temos para mostrar depois de 21 meses de governo de esquerda? Quase 10% de taxa de desemprego." Na multidão que aplaudia entusiasmada e no palco, visões extremas contra o governo ferviam. Pouco antes, o legislador estadual de Nevada Maurice Washington, que é negro, bradava contra Barack Obama. "Não sou afro-americano, sou americano. Não é questão de pigmentação, mas de princípios", dizia. Também pastor, ele chamou uma oração e defendeu os valores cristãos: "Sim, podemos dizer "Jesus'". As duas horas de comício contaram ainda com declarações de obediência à bandeira e atrações musicais, com baladas alertando contra a ameaça de o país virar o "USSA" -Estados Socialistas Unidos da América. Próximo Texto: "Caçadores de Mitos" contará com presidente Índice | Comunicar Erros |
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