São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 2011

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Ameaça de agência abala papéis da França

Moody´s cita possibilidade de rebaixamento em razão de esforço para resgatar bancos; juros dos títulos sobem

Agência também rebaixou a nota da Espanha; outra agência, a S&P, diminuiu índice de bancos italianos

CAROLINA VILA-NOVA
EM BERLIM

A ameaça de rebaixamento da nota da dívida da França, às vésperas de uma cúpula crucial para definir os próximos passos para conter a crise europeia, espalhou apreensão e insegurança pela região ontem.
A advertência contra a segunda maior economia da zona do euro partiu da agência de classificação de riscos americana Moody's, que afirmou anteontem que poderia classificar o país como em "perspectiva negativa" nos próximos três meses e rebaixar seus papéis da dívida.
Hoje papéis franceses têm classificação máxima -AAA, ou "triplo A"-, denotando que a capacidade do país de cumprir compromissos e pagar no prazo títulos da dívida é extremamente alta.
Um rebaixamento sinalizaria que essa capacidade caiu, o que afugenta investidores. Em seu relatório, a Moody's expressou preocupação de que novos custos para resgatar bancos ou outros países da região, em um contexto de baixo crescimento econômico, podem comprometer o Orçamento francês e pôr em risco a meta de reduzir o deficit orçamentário -previsto neste ano para 5,7% do PIB.
Após o anúncio, os juros dos títulos franceses atingiram níveis recordes em comparação aos papéis alemães. Paris correu para acalmar os mercados. Mas o ministro das Finanças, François Baroin, admitiu que a meta de crescimento para este ano, de 1,75%, está superestimada e terá de ser ajustada.

CÚPULA
Ontem, outra agência, a Standard & Poor's rebaixou a nota de 24 bancos da Itália, outro país que desperta temores pelo alto endividamento.
Ao mesmo tempo, a Moody's rebaixou a nota da Espanha em dois degraus, para A1, seguindo o que havia sido feito por outras agências. A ação das agências vem num momento delicado. No domingo, uma cúpula em Bruxelas tentará definir medidas para proteger o sistema financeiro contra um eventual calote da Grécia.
Uma dessas medidas é a recapitalização dos bancos europeus com exposição a títulos da dívida de países como Grécia, Irlanda e Portugal.
Outra medida em discussão é o fortalecimento do mecanismo de resgate europeu (EFSF na sigla em inglês), cujos fundos, hoje de € 440 bilhões, podem ser empregados para impedir um contágio das economias do bloco.
Ao lado da Alemanha, a França é um dos maiores garantidores do EFSF. Sem o "triplo A" francês, o mecanismo corre risco de desmoronar, avaliam analistas. Ontem, porém, o jornal "Guardian" antecipava citando diplomatas europeus, que a França e a Alemanha teriam concordado em ampliar o EFSF para € 2 trilhões.
Contrariando declarações alemãs de que não se deve esperar um "milagre" no domingo, o presidente Nicolas Sarkozy defendeu ontem que medidas fortes sejam adotadas no encontro.


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