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EPIDEMIA
Relatório do Banco Mundial aponta falta de coordenação como o maior problema ao lidar com a doença na região
AL usa mal as verbas contra Aids, diz Bird
LUCIANA COELHO
DA REDAÇÃO
A pouca coordenação entre instituições da sociedade civil, o uso
indevido de recursos e as falhas
nos registros de incidência da
doença são os maiores obstáculos
ao combate à Aids na América Latina, afirma relatório do Banco
Mundial (Bird) divulgado ontem.
"Sem a sociedade civil não dá
para combater a epidemia dentro
de todos os grupos de alto risco",
disse à Folha Anabela Abreu,
principal autora do relatório,
também assinado por Isabel Noguer e Karen Cowgill.
O estudo, feito entre março de
2002 e março deste ano em 17 países latino-americanos -entre
eles Brasil, México, Argentina e
Chile-, mostra que a prevalência
do HIV (vírus que causa a Aids)
entre a população de 15 a 49 anos
na região é de 0,5% -mas adverte que o índice pode ser superior,
já que 30% dos casos não seriam
registrados. Em 2001, cerca de 130
mil pessoas foram infectadas, e 80
mil morreram por causa da Aids.
Embora o nível de incidência
continue maior entre os grupos
de alto risco -homens que fazem
sexo com homens, profissionais
do sexo, usuários de drogas injetáveis e pessoas com doenças sexualmente transmissíveis-, a
Aids já extravasou esse âmbito.
Jovens e mulheres foram identificados pelas ONGs e pelos médicos envolvidos no estudo como
grupos cada vez mais vulneráveis
ao contágio e, por isso, merecedores de campanhas especiais de
educação para a prevenção -algo já em prática no Brasil.
Mas, apesar do esforço -o país
foi elogiado pela portuguesa
Abreu-, a região Sudeste brasileira é apontada como a única na
América Latina em que a maior
via de contaminação é o sexo entre heterossexuais.
Exemplo brasileiro
"O Brasil é um exemplo em várias áreas no que diz respeito ao
tratamento da Aids", disse Abreu,
que atribui o sucesso brasileiro "à
ampla vontade política" dos sucessivos governos e ao grande envolvimento da sociedade civil.
"Por ter começado cedo a lidar
com a questão, o país tem agora
um papel preponderante na
América Latina até no sentido de
fornecer tecnologia."
Abreu acredita que o planejamento financeiro e a melhor
coordenação entre as diferentes
frentes de ação possam impedir
que a epidemia tome proporções
avassaladoras na região.
A ação dos governos também é
requerida. São considerados pontos estratégicos a expansão dos
programas preventivos para grupos de alto risco, a melhora do
acesso dessas pessoas aos serviços
públicos, a melhora do sistema de
saúde, o monitoramento dos
comportamentos de risco, da disseminação da infecção e da magnitude da epidemia, a criação de
mecanismos legais que protejam
as pessoas infectadas da discriminação e da exclusão e a inclusão
dos portadores de HIV como
membros ativos da sociedade.
Acima de todas essas estratégias, a mais importante é a informação, segundo médicos e as
ONGs que trabalham na prevenção e no tratamento da Aids. Eles
consideram a inadequação e a deficiência nas informações sobre
estratégias preventivas o principal
problema que enfrentam hoje.
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