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AMÉRICA DO SUL
Após reunião com Lula, candidato à Presidência boliviana defende contratos "equilibrados" e aliança energética
Morales quer Petrobras como sócia na Bolívia
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder cocaleiro e candidato à
Presidência que lidera as pesquisas de intenção de voto na Bolívia,
Evo Morales, disse ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
que quer a Petrobras como "o irmão mais velho" das empresas de
energia bolivianas, segundo afirmou ao deixar o Palácio do Planalto, depois de se reunir por quase duas horas com o presidente.
"Vamos exercer o direito de
propriedade se ganharmos as
eleições, mas isso não significa
confiscar ou expropriar os bens
das empresas petrolíferas. Nós
necessitamos de sócios e não de
donos ou patrões. Queremos contratos com princípios de equilíbrio", disse Morales. Na Bolívia,
Morales age em defesa da nacionalização dos hidrocarbonetos.
A aprovação da Lei de Hidrocarbonetos em maio gerou um
clima de insegurança em relação
aos contratos privados das empresas petrolíferas. A lei criou um
imposto de 32% sobre a exploração de gás e de petróleo e transferiu a gestão do negócio para o Estado.
Segundo Morales, Lula não fez
nenhum pedido com relação à segurança jurídica dos investimentos da Petrobras, a maior empresa
da Bolívia, responsável de 20% do
PIB (total de riquezas) do país.
A discussão sobre a exploração
dos hidrocarbonetos detonou
protestos e uma grave instabilidade política que culminaram na renúncia do presidente Carlos Mesa
em maio. Após longo impasse no
Congresso, o presidente interino,
Eduardo Rodríguez, convocou
eleições para 18 de dezembro.
Em segundo nas pesquisas, o
candidato da direita e ex-presidente Jorge Quiroga foi convidado para encontro pelo governo
Lula, mas disse que não sairá do
país até o fim da campanha. Samuel Doria Medina, de centro-direita, esteve com Lula na quinta.
"Lula disse que, se eu ganhar a
eleição, terei seu apoio para me
orientar, dar sugestões e para fazer contatos entre os empresários", disse Morales.
Em rápida passagem por São
Paulo, acrescentou: "Vamos colocar para funcionar equipes técnicas e jurídicas para lidar com temas sobre como gestar uma aliança estratégica no campo energético não apenas para a Bolívia, mas
para toda a região."
Morales também defendeu que
as eleições sejam monitoradas.
"Seria interessante que as forças
sociais organizassem um comitê
para o controle eleitoral. Temos
muito medo de que haja fraude.
Todo o aparato eleitoral está sob o
controle da direita."
Colaboraram Carolina Vila-Nova e Fabiano Maisonnave
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