São Paulo, sábado, 19 de novembro de 2005

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AMÉRICA DO SUL

Após reunião com Lula, candidato à Presidência boliviana defende contratos "equilibrados" e aliança energética

Morales quer Petrobras como sócia na Bolívia

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder cocaleiro e candidato à Presidência que lidera as pesquisas de intenção de voto na Bolívia, Evo Morales, disse ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que quer a Petrobras como "o irmão mais velho" das empresas de energia bolivianas, segundo afirmou ao deixar o Palácio do Planalto, depois de se reunir por quase duas horas com o presidente.
"Vamos exercer o direito de propriedade se ganharmos as eleições, mas isso não significa confiscar ou expropriar os bens das empresas petrolíferas. Nós necessitamos de sócios e não de donos ou patrões. Queremos contratos com princípios de equilíbrio", disse Morales. Na Bolívia, Morales age em defesa da nacionalização dos hidrocarbonetos.
A aprovação da Lei de Hidrocarbonetos em maio gerou um clima de insegurança em relação aos contratos privados das empresas petrolíferas. A lei criou um imposto de 32% sobre a exploração de gás e de petróleo e transferiu a gestão do negócio para o Estado.
Segundo Morales, Lula não fez nenhum pedido com relação à segurança jurídica dos investimentos da Petrobras, a maior empresa da Bolívia, responsável de 20% do PIB (total de riquezas) do país.
A discussão sobre a exploração dos hidrocarbonetos detonou protestos e uma grave instabilidade política que culminaram na renúncia do presidente Carlos Mesa em maio. Após longo impasse no Congresso, o presidente interino, Eduardo Rodríguez, convocou eleições para 18 de dezembro.
Em segundo nas pesquisas, o candidato da direita e ex-presidente Jorge Quiroga foi convidado para encontro pelo governo Lula, mas disse que não sairá do país até o fim da campanha. Samuel Doria Medina, de centro-direita, esteve com Lula na quinta.
"Lula disse que, se eu ganhar a eleição, terei seu apoio para me orientar, dar sugestões e para fazer contatos entre os empresários", disse Morales.
Em rápida passagem por São Paulo, acrescentou: "Vamos colocar para funcionar equipes técnicas e jurídicas para lidar com temas sobre como gestar uma aliança estratégica no campo energético não apenas para a Bolívia, mas para toda a região."
Morales também defendeu que as eleições sejam monitoradas. "Seria interessante que as forças sociais organizassem um comitê para o controle eleitoral. Temos muito medo de que haja fraude. Todo o aparato eleitoral está sob o controle da direita."


Colaboraram Carolina Vila-Nova e Fabiano Maisonnave

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