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EUA fracassam em abrandar Paquistão
Número dois do Departamento de Estado deixa Islamabad sem obter da ditadura suspensão do estado de emergência
Para Negroponte, ditador
deveria sustar estado de
exceção para permitir
eleições; governo marca
data do pleito, sob o decreto
Asim Tanveer/Reuters
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Jornalistas paquistaneses protestam contra fechamento de duas emissoras de TV, em Multan |
DA REDAÇÃO
O Paquistão rejeitou ontem
formalmente as pressões americanas para suspender o estado de emergência e libertar os
prisioneiros políticos. O porta-voz da Chancelaria, Mohammed Sadiq, disse "não haver nada de novo" nas propostas feitas em Islamabad pelo número
dois do Departamento de Estado, John Negroponte.
O fracasso da missão americana já era previsível, já que no
sábado o ditador Pervez Musharraf afirmou à BBC ser necessária a exceção constitucional para proteger o arsenal nuclear de seu país. Ontem o
"New York Times" divulgou
que os EUA gastaram nos últimos seis anos US$ 100 milhões
para dar segurança às instalações nucleares paquistanesas,
mas que não há certeza sobre a
invulnerabilidade do arsenal,
em razão das dúvidas sobre a
possibilidade de Musharraf sobreviver a atual crise.
Musharraf se mantém em
seu posto em razão da fragmentação da oposição, que ainda
não se firmou como alternativa. No poder desde 1999, ele
provocou uma crise institucional ao expurgar a Corte Suprema, que tendia a bloquear sua
reeleição, porque ele também
detém a chefia militar do país.
O general tem argumentado
que apenas levantaria o estado
de emergência, baixado no último dia 3, caso cheguem ao fim
as agitações internas. Numa
concessão à pressão, porém,
Musharraf anunciou ontem
que "recomendará" à Comissão
Eleitoral que convoque eleições legislativas para 8 de janeiro, dentro do prazo legal.
Radicalismo islâmico
O regime militar paquistanês
também é contestado nas cidades por radicais muçulmanos,
ligados ou não aos campos de
treinamento da Al Qaida, na região montanhosa que faz fronteira com o Afeganistão.
Pouco antes de voltar a Washington, Negroponte exortou
ontem o governo a suspender o
estado de emergência, que "não
é compatível com eleições livres", numa menção às legislativas. O diplomata também insistiu na necessidade de diálogo entre Musharraf e Bhutto
-ela teve suspensa a prisão domiciliar na semana passada.
Um dos assessores do ditador
disse que, ao receber no sábado
Negroponte, ele argumentou
ser preciso o estado de emergência para que se tenham eleições razoáveis.
A administração Bush é de
certo modo refém de Musharraf, já que sua queda poderia,
em tese, colocar os arsenais
atômicos ao alcance dos radicais islâmicos. O ditador tem-se
sustentado em parte com o dinheiro americano, liberado em
Washington em nome da
"guerra ao terrorismo".
O "New York Times" diz que
Washington treinou agentes de
segurança paquistaneses em
território americano e montou
um centro de treinamento para
agentes no Paquistão. Forneceu ainda veículos, helicópteros e equipamentos de vigilância de alta tecnologia.
Mútua desconfiança
Mas, em contrapartida, a ditadura não demonstra o mesmo grau de confiança, tanto
que responsáveis pelo arsenal
atômico não informaram aos
americanos em que local estão
armazenadas as ogivas e a
quantidade de combustível
existente para a construção de
novas bombas.
Essa relação de desconfiança
determinou o não-fornecimento ao Paquistão de tecnologia
de segurança para os disparos
da bomba. Os paquistaneses temiam que a ativação desses dispositivos permitisse aos EUA a
imobilização das espoletas que
detonam as ogivas.
Com agências internacionais
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