São Paulo, quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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EUA respaldam eleição sem volta de Zelaya

Enviado do país a Honduras diz que pleito é parte de solução de crise e que ninguém pode tirar do povo hondurenho o direito de votar

Porta-voz do Departamento de Estado diz que intenção do Congresso de só decidir sobre volta após pleito não anula pacto mediado pelos EUA


FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA

O enviado dos EUA a Honduras, Craig Kelly, defendeu ontem a realização da eleição presidencial do próximo dia 29, apesar do rompimento das negociações entre o governo interino e o presidente deposto Manuel Zelaya.
"As eleições hondurenhas são uma parte importante da solução para avançar rumo ao futuro", disse, em Tegucigalpa, Craig Kelly, número dois do Departamento de Estado americano para a América Latina, antes de voltar aos EUA. "Ninguém tem o direito de tirar do povo hondurenho o direito de votar e de escolher os seus líderes", disse a jornalistas, embora tenha se negado a responder a perguntas.
Na semana passada, o embaixador dos EUA em Honduras, Hugo Llorens, já havia defendido a realização das eleições.
Kelly esteve pela segunda vez em uma semana em Tegucigalpa para novamente se reunir com Zelaya e Micheletti e tentar salvar o acordo intermediado pelos Estados Unidos e assinado por ambas as partes em 30 de outubro.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly, deu mais um sinal de que os EUA estão se afastando de Zelaya ao afirmar que a decisão do Congresso hondurenho de votar a restituição de Zelaya após as eleições, anunciada anteontem, "não contradiz o acordo alcançado para resolver a crise política".
"Como o acordo não estabelece prazos para essa votação do Congresso, realizar a votação em 2 de dezembro não é necessariamente incoerente com o acordo", afirmou Kelly.
A posição dos EUA, principal parceiro econômico de Honduras, vai de encontro à de países como Brasil, Argentina e Venezuela, que têm afirmado que não reconhecerão as eleições do dia 29 caso Zelaya não seja restituído antes.
Em declarações de dentro da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado há quase dois meses, Zelaya voltou a acusar os EUA de contraditórios. "Sou reconhecido como presidente, dizem que sou o líder democrático, mas [Kelly] está atendendo a decisões do governo que eles não reconhecem", disse o presidente deposto em 28 de junho.
Há duas semanas, Zelaya rompeu o acordo, depois que o Congresso, cuja direção é controlada por Micheletti, não votou a sua restituição até o dia 5, prazo final estipulado pelo acordo para a criação de um "governo de unidade". O presidente deposto disse que era "inaceitável" indicar ministros para um governo interino chefiado por Micheletti.
O acordo previa que a volta de Zelaya estava condicionada à ratificação pelo Congresso, que poderia pedir consultas a outras instituições, sem estipular um prazo para a votação.
Ontem, a Suprema Corte de Justiça se reuniu para dar seu parecer sobre a volta de Zelaya, mas o teor só deverá ser revelado no dia 2, data da votação.
Tanto a Suprema Corte quanto o Congresso, além das Forças Armadas e outras instituições, apoiaram a deposição de Zelaya, acusado de impulsar ilegalmente a convocação de uma Assembleia Constituinte.

Com agências internacionais



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