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EUA respaldam eleição sem volta de Zelaya
Enviado do país a Honduras diz que pleito é parte de solução de crise e que ninguém pode tirar do povo hondurenho o direito de votar
Porta-voz do Departamento de Estado diz que intenção do Congresso de só decidir sobre volta após pleito não anula pacto mediado pelos EUA
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
O enviado dos EUA a Honduras, Craig Kelly, defendeu ontem a realização da eleição presidencial do próximo dia 29,
apesar do rompimento das negociações entre o governo interino e o presidente deposto
Manuel Zelaya.
"As eleições hondurenhas
são uma parte importante da
solução para avançar rumo ao
futuro", disse, em Tegucigalpa,
Craig Kelly, número dois do
Departamento de Estado americano para a América Latina,
antes de voltar aos EUA. "Ninguém tem o direito de tirar do
povo hondurenho o direito de
votar e de escolher os seus líderes", disse a jornalistas, embora
tenha se negado a responder a
perguntas.
Na semana passada, o embaixador dos EUA em Honduras,
Hugo Llorens, já havia defendido a realização das eleições.
Kelly esteve pela segunda vez
em uma semana em Tegucigalpa para novamente se reunir
com Zelaya e Micheletti e tentar salvar o acordo intermediado pelos Estados Unidos e assinado por ambas as partes em
30 de outubro.
Em Washington, o porta-voz
do Departamento de Estado,
Ian Kelly, deu mais um sinal de
que os EUA estão se afastando
de Zelaya ao afirmar que a decisão do Congresso hondurenho
de votar a restituição de Zelaya
após as eleições, anunciada anteontem, "não contradiz o
acordo alcançado para resolver
a crise política".
"Como o acordo não estabelece prazos para essa votação
do Congresso, realizar a votação em 2 de dezembro não é necessariamente incoerente com
o acordo", afirmou Kelly.
A posição dos EUA, principal
parceiro econômico de Honduras, vai de encontro à de países
como Brasil, Argentina e Venezuela, que têm afirmado que
não reconhecerão as eleições
do dia 29 caso Zelaya não seja
restituído antes.
Em declarações de dentro da
Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado há
quase dois meses, Zelaya voltou a acusar os EUA de contraditórios. "Sou reconhecido como presidente, dizem que sou o
líder democrático, mas [Kelly]
está atendendo a decisões do
governo que eles não reconhecem", disse o presidente deposto em 28 de junho.
Há duas semanas, Zelaya
rompeu o acordo, depois que o
Congresso, cuja direção é controlada por Micheletti, não votou a sua restituição até o dia 5,
prazo final estipulado pelo
acordo para a criação de um
"governo de unidade". O presidente deposto disse que era
"inaceitável" indicar ministros
para um governo interino chefiado por Micheletti.
O acordo previa que a volta
de Zelaya estava condicionada
à ratificação pelo Congresso,
que poderia pedir consultas a
outras instituições, sem estipular um prazo para a votação.
Ontem, a Suprema Corte de
Justiça se reuniu para dar seu
parecer sobre a volta de Zelaya,
mas o teor só deverá ser revelado no dia 2, data da votação.
Tanto a Suprema Corte
quanto o Congresso, além das
Forças Armadas e outras instituições, apoiaram a deposição
de Zelaya, acusado de impulsar
ilegalmente a convocação de
uma Assembleia Constituinte.
Com agências internacionais
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