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EUA aprovam medida que permite ampliação de monopólios de mídia
Empresas poderão ter jornais e emissoras no mesmo mercado, decide agência
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A agência federal que regula a
mídia e o mercado de telecomunicações nos EUA aprovou
ontem medida que amplia o
monopólio das empresas de comunicação no país. Por três votos a dois, a Comissão Federal
de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) passa a permitir
que companhias baseadas nos
maiores mercados nacionais
sejam donas tanto de publicações quanto de emissoras.
Pela nova medida, nas principais cidades norte-americanas,
as empresas poderão ser proprietárias ao mesmo tempo de
jornais e de emissoras de rádio
ou TV, desde que respeitem
duas condições: que haja ao
menos oito empresas de proprietários diferentes no mercado em questão e, se a transação
envolver uma televisão, que
não seja uma das quatro de
maior audiência local.
Com isso, cai a regra segundo
a qual a chamada "propriedade
cruzada" era proibida. Criada
há 32 anos, servia para evitar a
concentração da mídia nas
mãos de uma mesma empresa.
"Não podemos ignorar que o
mercado é consideravelmente
diferente de como era quando a
regra de dupla propriedade foi
implantada", defendeu o diretor da FCC, o advogado republicano Kevin Martin, apontado por George W. Bush no início de seu segundo mandato.
Fora dos 20 maiores mercados, a empresa jornalística que
se candidatar a comprar uma
emissora de rádio ou TV ou vice-versa deve pedir que a agência federal aprove uma exceção
para seu caso depois de provar
que o negócio levará em conta o
interesse público. Na prática,
essa brecha legal já acontecia
mesmo antes da aprovação da
medida de ontem, inclusive nos
20 maiores mercados.
Empresas como as que editam o diário "The New York Times" ou o "Chicago Tribune"
são proprietárias de emissoras
de rádio (no caso do primeiro) e
de TV (no segundo) e operam
há anos com as exceções aprovadas pela agência. O que o novo diretor queria era legalizar
essa situação. Fez isso debaixo
de críticas e comunicou o resultado do voto aos gritos de "Injusto!" e "Essa votação foi armada", de manifestantes presentes na saída da sede da FCC,
em Washington.
Martin conseguiu desagradar quase todos os setores envolvidos. Os dois democratas
que votaram contra a medida
acham que ela serve aos interesses da Casa Branca, e seu
partido promete passar legislação que anula a mudança. As
próprias grandes empresas de
comunicação, as supostas beneficiárias da nova regra, criticam tanto a reforma proposta
pela nova medida, que acham
modesta, quanto o prazo dado
pela FCC para que ela seja discutida pela sociedade.
Por fim, entidades de direitos
civis acham que a nova regra
não protege a produção de noticiário local nos mercados menores, atividade em franco declínio, segundo estudos de institutos que examinam a mídia
norte-americana. Prometem
entrar na Justiça contra a decisão nos próximos dias.
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