São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / ATOLEIRO NO IRAQUE

Plano militar para retirada destoa de promessa de Obama

Proposta feita por comandantes das operações no Iraque prevê permanência mais longa que os 16 meses citados em campanha

Recomendação foi discutida em reunião da futura equipe de defesa; Gates pede que Pentágono se planeje para fechar Guantánamo

DO "NEW YORK TIMES"

Os comandantes americanos responsáveis pelo Iraque, generais David Petraeus e Ray Odierno, propuseram a Barack Obama um plano para a retirada de tropas no país que não se enquadra no cronograma de 16 meses traçado pelo presidente eleito na campanha eleitoral.
É a primeira recomendação dos militares sobre o tema a Obama. Embora o democrata tenha dito que pediria o conselho de seus comandantes, a resistência deles a uma retirada mais rápida pode obrigá-lo a fazer uma escolha política difícil entre passar por cima de seus generais ou recuar de sua meta. Completado na semana passada, o plano prevê o retorno de mais duas brigadas -cerca de 7.000 a 8.000 soldados- do Iraque no próximo semestre.
Mas isso deixaria 12 brigadas de combate no país até junho de 2009, e, apesar de se negarem a dar mais detalhes, os militares deixaram claro que a retirada de todas as forças de combate não se completaria até maio de 2010 -a meta de Obama. Segundo funcionários da transição, o plano foi descrito a Obama apenas em termos gerais por Robert Gates, que vai permanecer como secretário da Defesa, e pelo almirante Mike Mullen, chefe do Estado-Maior Conjunto, quando Obama passou cinco horas e meia com sua equipe de segurança nacional na última segunda.
Eles afirmaram que todos os participantes da reunião evitaram detalhar como conciliar o cronograma de Obama com o recomendado pelos generais. Na campanha, o democrata disse que não hesitaria em passar por cima dos comandantes. No início de dezembro, porém, ele deu a entender que teria alguma flexibilidade ao declarar que ainda queria que as tropas de combate deixassem o Iraque em 16 meses, mas que ouviria a recomendação dos militares.
O plano de Odierno e Petraeus foi traçado para satisfazer o chamado acordo sobre o status das forças fechado entre Washington e Bagdá, que prevê a saída de todas as forças americanas do Iraque até o final de 2011 e de todas as tropas de combate das cidades iraquianas até junho próximo. Os comandantes dizem que tentarão cumprir o prazo de junho redirecionando tropas para o treinamento e apoio dos iraquianos -mudança semântica em alguns casos, pois soldados dos EUA ainda sairiam em patrulhas de combate.
Num briefing a jornalistas na semana passada em Balad, Iraque, Odierno disse que é importante que as tropas americanas apóiem os iraquianos em 2009, quando estão previstas eleições, e lembrou que o acordo com Bagdá poderia ainda ser renegociado: "Três anos é um tempo longo".

Guantánamo
Também ontem, o Pentágono anunciou que Robert Gates solicitou uma proposta para o fechamento da polêmica prisão para suspeitos de terrorismo mantida pelos EUA na base militar de Guantánamo, em Cuba. Obama prometeu fechá-la em seu mandato, mas há percalços legais quanto ao status e o destino dos cerca de 250 presos hoje mantidos lá.

Tradução de CLARA ALLAIN


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