São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

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Venezuela inicia processo para reeleição indefinida

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Em meio a uma grande mobilização governista, a Assembléia Nacional realizou ontem a primeira discussão sobre a emenda constitucional que, se aprovada em referendo, abre a possibilidade de o presidente venezuelano, Hugo Chávez, se reeleger indefinidamente.
A abertura da sessão foi marcada pela entrega de assinaturas de apoio à emenda recolhidas pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), também presidido por Chávez. Vários dos abaixo-assinados chegaram à Assembléia, cercada por centenas de militantes em camisas vermelhas, em caixas simulando presentes de Natal.
Os organizadores dizem ter recolhido 4.760.485 assinaturas (28% dos eleitores) em oito dias -há relatos de funcionários públicos que afirmam ter sido coagidos a assinar.
Um dos deputados que falaram a favor da emenda, Desireé Santos Amaral, afirmou que "o povo está convencido de que temos um líder para assegurar as conquistas e consolidar o processo de transformação".
Já o deputado dissidente Ismael Garcia, principal porta-voz da minoria, disse que a reeleição indefinida já foi "julgada" no ano passado, quando Chávez perdeu o referendo sobre uma reforma constitucional mais ampla. Segundo ele, o governo está "desesperado" para aprovar a alteração antes que a crise econômica atinja o país.
Para o referendo ser convocado, é necessária a aprovação na Assembléia, de ampla maioria chavista, em duas discussões. Chávez quer realizá-lo no primeiro trimestre de 2009. Se não conseguir mudar a Constituição, ele terá de deixar a Presidência em janeiro de 2013.
Pesquisa recente do instituto Hinterlaces mostra que Chávez perderia por 61%. Já no levantamento do instituto GIS-21, distribuído pelo governo, a emenda tem 53% de apoio.


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