São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 2009

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Iraque acusa Irã de invadir seu território

Governo iraquiano exige que tropas iranianas saiam de campo de petróleo tomado na região da fronteira; Teerã nega incursão

Circunstâncias do incidente, situado em área de reservas disputadas, são confusas; Bagdá vê "provocações" frequentes do país vizinho

DA REDAÇÃO

O Iraque acusou ontem o Exército do Irã de ter violado seu território para tomar parte de um importante campo de petróleo e exigiu a retirada imediata dos supostos invasores. Teerã negou ter feito uma incursão no país vizinho.
O incidente, que surge em meio a relatos confusos, reaviva a tensão acerca da desértica fronteira irano-iraquiana, que já alimentou uma guerra entre os dois países nos anos 80.
Segundo autoridades de Bagdá, militares iranianos a bordo de jipes avançaram cerca de 300 metros no território iraquiano na madrugada de ontem até chegar a um poço no campo petroleiro de Fakka, na Província de Maysan, onde alçaram uma bandeira do Irã.
Relatos iniciais afirmavam que 11 homens armados com fuzis participaram da operação, mas fontes iraquianas afirmaram, no fim do dia, que a invasão foi feita com ao menos 25 veículos militares iranianos, o que pressupõe um número de soldados maior.
O "Wall Street Journal" disse que os iranianos chegaram no local atirando, sem deixar feridos. Mas o governo iraquiano, num possível esforço para não aumentar a crise, afirmou que não houve disparos -os EUA, que mantêm 115 mil militares no Iraque, também preferiram minimizar o incidente.
Não ficou claro, até o fechamento desta edição, se os soldados permaneciam no local. Um alto funcionário de Bagdá disse que os iranianos se retiraram após a operação, mas o governo iraquiano exigiu, após reunião de emergência, a saída dos soldados, dando a entender que eles continuavam no local.
O Iraque, no entanto, não deu prazo para a retirada nem disse o que fará se os iranianos continuarem ocupando o campo. Bagdá afirma que buscará uma solução "pacífica e diplomática" para o problema e suspendeu as atividades em Fakka -um dos três campos da Província de Maysan.
Autoridades petroleiras iranianas citadas pela agência de notícias oficial Mehr News negaram a invasão.
Membros do governo iraquiano disseram que não se trata de um caso isolado e relataram vários supostos casos de "provocação" iraniana ocorridos nos últimos meses.
A região da fronteira Irã-Iraque, palco de uma guerra (1980-88) que deixou 1 milhão de mortos, é uma área com enormes reservas de petróleo ainda em disputa.
Apesar de a relação hoje ser cordial entre os dois maiores países de maioria xiita, o campo de Fakka, por se estender sobre os dois territórios, alimenta recorrentes acusações mútuas de extração indevida.
A exploração da área na parte iraquiana foi colocada em licitação em junho, num esforço de Bagdá para atrair os investimentos necessários à modernização de sua capacidade petroleira, sucateada pelas guerras e sanções econômicas impostas ao regime de Saddam Hussein. Mas nenhuma empresa estrangeira aceitou as condições oferecidas pelo governo iraquiano.


Com agências internacionais


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