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Iraque acusa Irã de invadir seu território
Governo iraquiano exige que tropas iranianas saiam de campo de petróleo tomado na região da fronteira; Teerã nega incursão
Circunstâncias do incidente, situado em área de reservas disputadas, são confusas; Bagdá vê "provocações" frequentes do país vizinho
DA REDAÇÃO
O Iraque acusou ontem o
Exército do Irã de ter violado
seu território para tomar parte
de um importante campo de
petróleo e exigiu a retirada
imediata dos supostos invasores. Teerã negou ter feito uma
incursão no país vizinho.
O incidente, que surge em
meio a relatos confusos, reaviva a tensão acerca da desértica
fronteira irano-iraquiana, que
já alimentou uma guerra entre
os dois países nos anos 80.
Segundo autoridades de Bagdá, militares iranianos a bordo
de jipes avançaram cerca de
300 metros no território iraquiano na madrugada de ontem até chegar a um poço no
campo petroleiro de Fakka, na
Província de Maysan, onde alçaram uma bandeira do Irã.
Relatos iniciais afirmavam
que 11 homens armados com
fuzis participaram da operação,
mas fontes iraquianas afirmaram, no fim do dia, que a invasão foi feita com ao menos 25
veículos militares iranianos, o
que pressupõe um número de
soldados maior.
O "Wall Street Journal" disse
que os iranianos chegaram no
local atirando, sem deixar feridos. Mas o governo iraquiano,
num possível esforço para não
aumentar a crise, afirmou que
não houve disparos -os EUA,
que mantêm 115 mil militares
no Iraque, também preferiram
minimizar o incidente.
Não ficou claro, até o fechamento desta edição, se os soldados permaneciam no local. Um
alto funcionário de Bagdá disse
que os iranianos se retiraram
após a operação, mas o governo
iraquiano exigiu, após reunião
de emergência, a saída dos soldados, dando a entender que
eles continuavam no local.
O Iraque, no entanto, não
deu prazo para a retirada nem
disse o que fará se os iranianos
continuarem ocupando o campo. Bagdá afirma que buscará
uma solução "pacífica e diplomática" para o problema e suspendeu as atividades em Fakka
-um dos três campos da Província de Maysan.
Autoridades petroleiras iranianas citadas pela agência de
notícias oficial Mehr News negaram a invasão.
Membros do governo iraquiano disseram que não se trata de um caso isolado e relataram vários supostos casos de
"provocação" iraniana ocorridos nos últimos meses.
A região da fronteira Irã-Iraque, palco de uma guerra
(1980-88) que deixou 1 milhão
de mortos, é uma área com
enormes reservas de petróleo
ainda em disputa.
Apesar de a relação hoje ser
cordial entre os dois maiores
países de maioria xiita, o campo
de Fakka, por se estender sobre
os dois territórios, alimenta recorrentes acusações mútuas de
extração indevida.
A exploração da área na parte
iraquiana foi colocada em licitação em junho, num esforço
de Bagdá para atrair os investimentos necessários à modernização de sua capacidade petroleira, sucateada pelas guerras e
sanções econômicas impostas
ao regime de Saddam Hussein.
Mas nenhuma empresa estrangeira aceitou as condições oferecidas pelo governo iraquiano.
Com agências internacionais
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