São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 2009

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Revogação de anistia no Paquistão ameaça governo e gera temor

Decisão da Suprema Corte motiva a convocação de ministro do Interior e impede viagem do da Defesa

DA REDAÇÃO

A anulação de uma anistia de 2007 aos principais atores políticos do Paquistão -incluindo o hoje presidente Asif Ali Zardari- gerou apreensão no governo ao motivar ações judiciais contra nomes do alto escalão. A decisão foi tomada nesta semana pela Suprema Corte.
Ontem, o ministro do Interior, Rehman Malik, foi convocado para comparecer ao tribunal da Província de Sindh (sul) no dia 8 de janeiro por um caso de corrupção, reaberto pela decisão da Justiça. Anteontem, o titular da pasta Defesa, Ahmed Mukhtar, foi impedido no aeroporto de viajar para a China.
Os dois ministros, bem como o próprio Zardari e seu chefe de gabinete, Salman Farooki, estão entre os 247 membros do governo beneficiados pela anistia agora revogada pela Corte.
A medida fora adotada pelo então ditador Pervez Musharraf (1999-2008) como parte de um acordo político patrocinado por EUA e Reino Unido para o retorno ao país da premiê Benazir Bhutto (1993-96), mulher de Zardari, que viria a ser assassinada em dezembro de 2007.
A sucessão de eventos desde a última quarta, quando a anistia foi derrubada, gerou temores de um aumento da instabilidade na volátil política paquistanesa e de um eventual golpe contra o crescentemente impopular Zardari, que, embora esteja imune à reabertura de processos por ser presidente, já vê surgirem pedidos de renúncia.
A hipótese foi rechaçada veementemente por membros do governo, e a cúpula militar rejeitou ter a intenção de reaver o protagonismo político assumido no governo de Musharraf -e por quase metade das pouco mais de seis décadas de independência do país.
Os sinais de volta da instabilidade surgem no momento em que o Paquistão promove uma ofensiva militar que já dura sete meses contra insurgentes na região noroeste e preocupam o governo americano, que vê no país um aliado crucial para estabilizar o vizinho Afeganistão.
Ontem, um atentado suicida matou dez pessoas em província na região, o segundo contra uma mesquita frequentada por militares em só duas semanas.


Com "New York Times" e agências internacionais


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