São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2004

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AFEGANISTÃO

Segundo autoridades locais, 4 crianças e 3 mulheres estariam entre os mortos; porta-voz americano não confirma

EUA podem ter matado 11 civis afegãos

DA REDAÇÃO

Onze moradores da vila de Saghatho (sul do Afeganistão), inclusive quatro crianças, morreram num bombardeio dos Estados Unidos no domingo, afirmaram ontem autoridades locais. "Quatro eram crianças, e três eram mulheres", disse o governador de Uruzgan, Jan Mohammmad Khan.
Segundo um porta-voz militar americano, Bryan Hilferty, um avião matou cinco militantes armados ao norte de Deh Rawood, onde os EUA possuem uma base militar. Saghatho fica 40 km ao norte de Deh Rawood.
Uruzgan era um dos bastiões do Taleban, milícia extremista islâmica que governava o país até 2002 e foi deposta por uma coalizão liderada pelos EUA após os atentados do 11 de Setembro por abrigar a rede Al Qaeda.
Segundo Abdul Rahman, chefe do distrito onde fica o vilarejo, as vítimas estavam do lado de fora de uma casa, quando "um grande avião surgiu e soltou as bombas". "Eram moradores, não eram do Taleban. Não sei por que os Estados Unidos bombardearam a casa", disse.
Mais cedo, o porta-voz informara que três soldados americanos haviam ficado feridos em um ataque de cerca de 15 guerrilheiros armados com granadas e armas de fogo à base dos EUA em Uruzgan.

Incidentes
Não é a primeira vez que bombardeios americanos atingem civis no Afeganistão. Em 2002, 48 convidados de uma festa de casamento morreram atingidos durante um ataque.
Em 5 de dezembro último, seis crianças foram esmagadas por uma parede durante uma ação noturna dos EUA.
No dia seguinte, nove crianças foram encontradas mortas num campo após um ataque americano a uma vila.
Após autoridades afegãs protestarem -e a ONU alertar que as mortes poderiam levar a um acirramento das ações contra os Estados Unidos-, as forças americanas prometeram rever procedimentos.
Nos últimos meses, os Estados Unidos têm intensificado o combate ao Taleban, que declarou uma "guerra santa" contra militares americanos e estrangeiros e forças afegãs do presidente Hamid Karzai (aliado dos EUA). A violência põe em risco a realização de eleições no meio deste ano, previstas pela Constituição recém-aprovada.


Com agências internacionais

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