São Paulo, quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

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HAITI EM RUÍNAS

ONU chancela escalada das tropas

EUA dizem que não têm intenção de policiar o país caribenho, mas que soldados têm "direito de se defender"

Serão enviados mais 3.500 policiais e militares para reforçar a Minustah; não foi anunciado quantos serão do Brasil, líder da missão de paz


DE WASHINGTON

Atendendo ao secretário-geral, Ban Ki-moon, o Conselho de Segurança da ONU aprovou ontem por unanimidade o envio de 3.500 novos soldados e policiais para se juntar aos cerca de 9.000 homens da Minustah, força de paz que atua no Haiti e tem o Brasil à frente.
"O envio contribuirá para a manutenção da paz e o apoio aos esforços de reconstrução", disse o presidente do Conselho, o chinês Zhang Yesui. De acordo com o chefe de missões de paz da ONU, Alain Le Roy, os soldados adicionais atenderão aos pedidos de escolta para comboios humanitários, que crescem conforme a situação da segurança do país deteriora.
"Precisamos ser muito cuidadosos e vigilantes contra qualquer possibilidade", disse Ban, em Nova York. "Quando a paciência deles [o povo haitiano] se esgotar, é aí que temos de nos preocupar."
Ontem, porém, o general brasileiro no comando militar da missão no Haiti, general Floriano Peixoto, afirmou que não há cronograma para a incorporação do reforço "preventivo" aprovado (leia mais em A13).
O aumento do efetivo deve servir também para definir um pouco mais os papéis dos diversos atores presentes naquele país. O secretário-geral da ONU tem sido alvo de críticas nos últimos dias por conta do que tem sido visto como resposta tardia ao desastre.
Ban só se dirigiu à imprensa 14 horas depois do terremoto e, ainda assim, falou em "centenas de mortos", não nas dezenas de milhares que são contabilizadas agora. Além disso, até visitar Porto Príncipe, no domingo, vinha dando orientação a sua equipe para fazer relatos contidos sobre a situação.
À liderança hesitante é creditada parte da confusão sobre quem está no comando nas operações de resgate e segurança do Haiti. A impressão de que os EUA dão as cartas foi reforçada ontem pela decisão das tropas americanas de pousar helicópteros no terreno em que fica o palácio presidencial haitiano, por proteção.
Os EUA controlam também o aeroporto. Ainda assim, o secretário da Defesa americano, Robert Gates, voltou a público para relativizar o papel do país nas ações. "Não ouvi nada sobre nós tomando o papel de policiamento em nenhum momento", disse ele na noite de anteontem, durante viagem para a Índia e o Paquistão.
Gates esclareceu que os milhares de soldados americanos em solo haitiano se ocupam basicamente de resgate e ajuda humanitária: "Em qualquer lugar para onde nossas tropas são enviadas, elas têm a autoridade e o direito de se defender".
Segundo o secretário, os soldados também podem defender terceiros, caso "vejam algo acontecendo". "Afinal", continuou, "não podemos distribuir alimentos nem água se não tivermos uma situação razoável de segurança". (SÉRGIO DÁVILA)


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