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HAITI EM RUÍNAS
ONU chancela escalada das tropas
EUA dizem que não têm intenção de policiar o país caribenho, mas que soldados têm "direito de se defender"
Serão enviados mais 3.500 policiais e militares para reforçar a Minustah; não foi anunciado quantos serão do Brasil, líder da missão de paz
DE WASHINGTON
Atendendo ao secretário-geral, Ban Ki-moon, o Conselho
de Segurança da ONU aprovou
ontem por unanimidade o envio de 3.500 novos soldados e
policiais para se juntar aos cerca de 9.000 homens da Minustah, força de paz que atua no
Haiti e tem o Brasil à frente.
"O envio contribuirá para a
manutenção da paz e o apoio
aos esforços de reconstrução",
disse o presidente do Conselho,
o chinês Zhang Yesui. De acordo com o chefe de missões de
paz da ONU, Alain Le Roy, os
soldados adicionais atenderão
aos pedidos de escolta para
comboios humanitários, que
crescem conforme a situação
da segurança do país deteriora.
"Precisamos ser muito cuidadosos e vigilantes contra
qualquer possibilidade", disse
Ban, em Nova York. "Quando a
paciência deles [o povo haitiano] se esgotar, é aí que temos de
nos preocupar."
Ontem, porém, o general
brasileiro no comando militar
da missão no Haiti, general Floriano Peixoto, afirmou que não
há cronograma para a incorporação do reforço "preventivo"
aprovado (leia mais em A13).
O aumento do efetivo deve
servir também para definir um
pouco mais os papéis dos diversos atores presentes naquele
país. O secretário-geral da
ONU tem sido alvo de críticas
nos últimos dias por conta do
que tem sido visto como resposta tardia ao desastre.
Ban só se dirigiu à imprensa
14 horas depois do terremoto e,
ainda assim, falou em "centenas de mortos", não nas dezenas de milhares que são contabilizadas agora. Além disso, até
visitar Porto Príncipe, no domingo, vinha dando orientação
a sua equipe para fazer relatos
contidos sobre a situação.
À liderança hesitante é creditada parte da confusão sobre
quem está no comando nas
operações de resgate e segurança do Haiti. A impressão de que
os EUA dão as cartas foi reforçada ontem pela decisão das
tropas americanas de pousar
helicópteros no terreno em que
fica o palácio presidencial haitiano, por proteção.
Os EUA controlam também
o aeroporto. Ainda assim, o secretário da Defesa americano,
Robert Gates, voltou a público
para relativizar o papel do país
nas ações. "Não ouvi nada sobre nós tomando o papel de policiamento em nenhum momento", disse ele na noite de
anteontem, durante viagem para a Índia e o Paquistão.
Gates esclareceu que os milhares de soldados americanos
em solo haitiano se ocupam basicamente de resgate e ajuda
humanitária: "Em qualquer lugar para onde nossas tropas são
enviadas, elas têm a autoridade
e o direito de se defender".
Segundo o secretário, os soldados também podem defender terceiros, caso "vejam algo
acontecendo". "Afinal", continuou, "não podemos distribuir
alimentos nem água se não tivermos uma situação razoável
de segurança".
(SÉRGIO DÁVILA)
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