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Um ano de Obama aumenta racha nos EUA
Após promessas de união, democrata vê reanimada uma oposição que fora dada como morta depois da eleição de 2008
Eleição especial ao Senado põe em risco maior trunfo doméstico, a reforma da saúde; aprovação média só fica acima da de Clinton
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A principal conquista na
agenda doméstica de Barack
Obama em seu primeiro ano na
Casa Branca, que se completa
hoje, foi a aprovação da maior e
mais ampla reforma do setor de
saúde pública dos EUA em décadas. Pelas versões do Senado
e da Câmara dos Representantes (deputados federais), semelhantes mas não idênticas, o
acesso ao sistema passa a ser de
fato universal e subsidiado.
Essa conquista corria risco
nas eleições especiais para a vaga do Senado de Massachusetts, que seriam concluídas às
23h de Brasília de ontem. Nas
mãos dos democratas desde a
década de 70, a vaga de Ted
Kennedy (1932-2009) poderia
ir para o partido da oposição, tirando assim a "supermaioria"
de 60 votos necessária para que
as medidas governistas sejam
aprovadas sem o risco de obstrução pela oposição.
Se isso acontecesse e se uma
versão unificada da lei da reforma da saúde tiver de voltar para
votação no Senado antes de ir
para assinatura de Obama, os
republicanos já prometeram
matar a medida antes mesmo
de ela nascer. Eles poderão fazer isso, se passarem das atuais
40 cadeiras para 41.
O fato de o candidato eleito
com a promessa de unificar um
país rachado por oito anos de
George W. Bush chegar ao fim
de seu primeiro ano no poder
se equilibrando num cenário
político profundamente dividido é significativo da distância
entre suas intenções e a realidade que encontrou no cargo.
Há um ano, naquela manhã
fria de Washington, diante de
milhares de pessoas emocionadas, Obama assumiu prometendo "a esperança no lugar do
medo, a unidade de propósito
em vez do conflito e da discórdia" e proclamando o "fim dos
conflitos mesquinhos e falsas
promessas, das recriminações e
dogmas desgastados que por
muito tempo estrangularam
nossa política".
Hoje, animados por ambos os
partidos majoritários, os conflitos e as recriminações ameaçam paralisar a ambiciosa
agenda doméstica do presidente, que é fortemente amparada
na passagem de reformas pelo
Congresso. Além da da saúde,
esperam vez reformas de educação, governança financeira,
educação e meio ambiente e
energia limpa.
As negociações que levaram
ao avanço das medidas nos trâmites legislativos cobraram um
pedaço do capital político de
Obama e reavivaram uma oposição que foi dada como morta
logo após as eleições de novembro de 2008. Quando o democrata assumiu, seu índice de
aprovação era de 68%, menor
apenas que o do colega democrata John F. Kennedy (de 1961
a 1963), entre seus oito antecessores imediatos, no índice
histórico do Gallup.
Um ano depois, o 44º presidente tem a média de 57% de
popularidade nos últimos doze
meses. "Comparada com as de
outros presidentes eleitos desde a Segunda Guerra, a média
inicial de Obama está entre as
piores, empatada com a de Ronald Reagan (1981-1989) e melhor apenas que o piso histórico
de Bill Clinton (1993-2001), de
49%", diz o instituto.
O governo se defende dizendo que na maior parte do tempo teve de lidar com problemas
herdados da gestão anterior,
como a crise econômica, que levou às decisões impopulares de
implementar e ampliar o auxílio aos bancos e a intervenção
nas principais montadoras.
Em entrevista à revista "People", Obama foi instado a apontar algo que não conseguiu realizar em seu primeiro ano.
"Unir o país como conseguimos
durante a posse. Foi isso que se
perdeu no primeiro ano."
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