São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

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Obama cobra China por direitos humanos

Presidente dos EUA menciona "direitos universais" ao lado do colega Hu Jintao, que iniciou visita a Washington

Presidente chinês diz que há muito a ser feito, mas exige respeito à soberania do país e não interferência dos EUA

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Os presidentes chinês, Hu Jintao, e americano, Barack Obama, fecharam ontem um dia de encontros bilaterais marcado por pressão de Washington e resistência de Pequim em relação à questão dos direitos humanos.
As falas de ambos evidenciaram que o futuro da relação entre os dois países continuará a ter competição e discordância.
As diferenças não impediram que fossem anunciados acordos comerciais no valor de US$ 45 bilhões. E Obama não foi agressivo: chegou a dizer que os dois países concordaram em avançar com um diálogo formal sobre direitos humanos.
Mas, em mostra da complexidade da relação bilateral, não se esquivou de fazer menções repetidas a esse e a outros temas incômodos, como as disputas cambiais.
Sobre o primeiro, afirmou que "a História mostra que sociedades são mais harmoniosas, nações, mais bem sucedidas e o mundo, mais justo quando direitos e responsabilidades de todas [...] as pessoas são mantidos, incluindo os direitos universais de cada ser humano".
Nobel da Paz em 2009, Obama não se referiu abertamente à concessão do Nobel da Paz de 2010 para o ativista chinês Liu Xiaobo, prisioneiro de Pequim, mas o tema foi abordado com Hu.
Em entrevista coletiva, o presidente americano destacou que os EUA acreditam que alguns valores de direitos humanos transcendem diferenças culturais.
Já Hu, apesar de dizer que a China se interessa pela democracia, respeita a "universalidade dos direitos humanos" e "ainda precisa fazer muito" sobre o tema, deixou claro que a relação com os EUA terá de ser baseada na não interferência.
A integridade territorial do país, com disputas chinesas sobre o Tibete e principalmente Taiwan, é um tópico primordial para Pequim. Sobre este último, os EUA reiteraram que seguem política de "uma China" unida.

ECONOMIA
A respeito das disputas econômicas, Obama foi polido, mas disse que a moeda chinesa (yuan) está desvalorizada e que o comércio bilateral deve ser feito sob um quadro equilibrado.
Indagado sobre supostos efeitos da desvalorização do yuan no desemprego nos EUA (em 9,4%), Obama tentou destacar as responsabilidades fiscais dos EUA em vez de criticar Hu.
Mas confirmou ter dito ao colega chinês não estar satisfeito com o ritmo das reformas cambiais chinesas. Pequim nega que desvaloriza artificialmente sua moeda para buscar vantagem no comércio internacional, prejudicando a indústria dos EUA.
O comunicado conjunto da cúpula segue o tom cuidadoso do dia. Cita o compromisso dos EUA com a redução do déficit federal e a sustentabilidade fiscal de longo prazo, além da vigilância contra excesso de volatilidade do dólar.
Depois, diz que a China "continuará a promover a reforma do valor do yuan".


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