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IRAQUE OCUPADO
Avaliação endossa opinião americana
Eleições diretas antes de 30 de junho são inviáveis, afirma ONU
DA REDAÇÃO
É inviável escolher em eleições
diretas quem assumirá o governo
do Iraque em 30 de junho, data fixada pelos EUA para devolver a
soberania ao país. A avaliação foi
anunciada ontem pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e endossa a opinião americana.
A declaração de Annan segue o
trabalho de uma missão sob o comando do ex-chanceler argelino
Lakhdar Brahimi que passou uma
semana no país avaliando as possibilidades eleitorais.
Mas o secretário-geral e sua
equipe ainda não chegaram a nenhuma conclusão sobre qual o
sistema mais adequado de governo interino para administrar o
país até as eleições diretas, possivelmente no fim de 2005, nem sobre a forma de escolhê-lo.
"Não será possível promover
eleições diretas antes do fim de junho. A data para a devolução da
soberania, 30 de junho, deve ser
respeitada", afirmou Annan durante um encontro com 46 embaixadores. "Esperamos que,
conforme avancemos, consigamos trabalhar com os iraquianos
para encontrar um mecanismo
para estabelecer um governo interino e para preparar eleições em
um momento futuro."
A ONU -que nunca teve papel
de destaque na reconstrução iraquiana e que se distanciou ainda
mais após sua sede em Bagdá sofrer dois atentados em 2003- foi
chamada pelos EUA a intermediar a questão eleitoral depois que
os americanos encontraram resistência à sua proposta de transição
por parte da maioria xiita.
A Autoridade Provisória da
Coalizão (APC), liderada pelo diplomata americano Paul Bremer,
e o Conselho de Governo Iraquiano, submetido à APC, aprovaram
em novembro um plano de transição que fixou 30 de junho para a
transferência de poder.
O plano prevê que, nessa data,
assuma um governo interino escolhido em um sistema de convenções regionais, sem a participação popular -o pleito direto
só seria realizado no fim de 2005.
Mas o plano foi rejeitado pelos
xiitas, que, liderados pelo aiatolá
Ali al Sistani, exigem que em 30 de
junho assuma um governo eleito
diretamente.
No ápice, a demanda chegou a
atrair mais de 100 mil manifestantes para as ruas, mas diante das
constantes declarações da ONU
sobre as dificuldades de organizar
a eleição imediatamente -o Iraque não conta com um registro
eleitoral confiável nem com uma
Constituição pós-ditadura- o
grupo vem ensaiando um recuo.
Para isso, no entanto, exige que
lhe seja garantida a hegemonia no
governo interino -os xiitas perfazem mais de 60% da população,
mas passaram os 24 anos da ditadura de Saddam Hussein reprimidos pela minoria sunita.
Os EUA, conforme reiterou Bremer ontem, já se disseram abertos
a sugestões sobre o governo interino, contanto que a data da transição não seja alterada. O modelo
melhor aceito até agora se baseia
na expansão do Conselho de Governo Iraquiano, que de 25 membros passaria a ter 75 ou 100 e
guardaria a relação com a representatividade de cada linha étnica
e religiosa da população.
Estada indefinida
Mas o fim da APC não implica a
retirada das tropas americanas do
país. Segundo o general Richard
Myers, chefe do Estado-Maior das
Forças Armadas americanas, o
Pentágono deve manter cerca de
100 mil soldados no país por um
tempo "inestimável".
Os EUA esperam que a devolução da soberania amenize a onda
de violência no Iraque. Ontem,
mais dois soldados foram mortos
na explosão de uma bomba em
Khalidiyah (oeste), elevando para
378 o número de militares americanos mortos em ataques no pós-guerra.
Com agências internacionais
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