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Órfã da ditadura denuncia pais "adotivos"
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
Pela primeira vez na história
argentina, uma filha de desaparecidos da última ditadura militar (1976-1983) acusa na Justiça os pais que a criaram e o ex-repressor que teria entregue o
bebê roubado ao casal.
A primeira audiência do julgamento aconteceu ontem e
María Eugenia Sampallo Barragán, 30, que descobriu sua
identidade com a ajuda da entidade Avós da Praça de Maio,
deve depor amanhã.
Filha de Mirta Mabel Barragán e Leonardo Rubén Sampallo, militantes do Partido Comunista desaparecidos em
1977, María Eugenia foi registrada pelo casal Osvaldo Rivas e
María Cristina Gómez Pinto.
Hoje separados, os dois, junto com o capitão do Exército
Enrique Berthier, são acusados
de roubo, supressão de identidade e falsificação de documento público. Os três se recusaram a depor ontem.
"María Eugenia entende que
seus apropriadores não estão
arrependidos e não querem dar
informação e por isso decidiu
ser querelante", disse o advogado dela à agência de notícias argentina Télam.
Acusados se entregam
Ontem o ex-ministro do Interior da ditadura Albano Harguindeguy se apresentou à Justiça após ser acusado pelo seqüestro de dois empresários
em 1976. O ex-cabo da Marinha
Carlos Amadeo Morandino
-um dos acusados pelo Massacre de Trelew, em que 16 guerrilheiros presos foram fuzilados em 1972- também se entregou à Justiça. Mais três acusados foram presos nos últimos
dias e um está desaparecido.
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