São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

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Órfã da ditadura denuncia pais "adotivos"

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

Pela primeira vez na história argentina, uma filha de desaparecidos da última ditadura militar (1976-1983) acusa na Justiça os pais que a criaram e o ex-repressor que teria entregue o bebê roubado ao casal.
A primeira audiência do julgamento aconteceu ontem e María Eugenia Sampallo Barragán, 30, que descobriu sua identidade com a ajuda da entidade Avós da Praça de Maio, deve depor amanhã.
Filha de Mirta Mabel Barragán e Leonardo Rubén Sampallo, militantes do Partido Comunista desaparecidos em 1977, María Eugenia foi registrada pelo casal Osvaldo Rivas e María Cristina Gómez Pinto.
Hoje separados, os dois, junto com o capitão do Exército Enrique Berthier, são acusados de roubo, supressão de identidade e falsificação de documento público. Os três se recusaram a depor ontem.
"María Eugenia entende que seus apropriadores não estão arrependidos e não querem dar informação e por isso decidiu ser querelante", disse o advogado dela à agência de notícias argentina Télam.

Acusados se entregam
Ontem o ex-ministro do Interior da ditadura Albano Harguindeguy se apresentou à Justiça após ser acusado pelo seqüestro de dois empresários em 1976. O ex-cabo da Marinha Carlos Amadeo Morandino -um dos acusados pelo Massacre de Trelew, em que 16 guerrilheiros presos foram fuzilados em 1972- também se entregou à Justiça. Mais três acusados foram presos nos últimos dias e um está desaparecido.


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