São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

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Presidente de Israel tenta negociar governo de união

Netanyahu recebe apoio de ultranacionalista e garante maioria para governar

Tzipi Livni, líder do centrista Kadima, diz que considerará coalizão; gabinete só da direita complicaria relação com Barack Obama

Romen Zvulun/Associated Press
O presidente de Israel, Shimon Peres (esq.), recebe líder ultranacionalista Avigdor Liberman

DA REDAÇÃO

Incumbido de indicar o próximo premiê israelense, o presidente Shimon Peres convocou reuniões separadas hoje com o ex-premiê Binyamin Netanyahu, líder do direitista Likud, e com a chanceler Tzipi Livni, do centrista Kadima. Sua meta é persuadi-los a formar um governo de união nacional.
"Tenho a intenção de fazer um esforço suplementar para convencer os partidos que cooperem em vista à constituição de um governo amplo e estável", afirmou Peres, que receberá Netanyahu antes de Livni.
O nome do futuro chefe de governo deve ser anunciado até segunda-feira, e ele terá prazo de até seis semanas para forjar uma coalizão parlamentar.
A legenda da chanceler foi a que mais obteve assentos no Knesset (Parlamento unicameral) na eleição do último dia 10, com 28 cadeiras. O Likud veio logo atrás, com 27, mas Netanyahu consolidou ontem o apoio de mais da metade dos legisladores eleitos (veja quadro).
O ex-premiê recebeu oficialmente o respaldo do partido ultranacionalista Israel Beitenu, terceiro colocado na eleição, com 15 eleitos. Avigdor Liberman, líder da sigla, ontem se reuniu com Peres, externando sua opção -o que elevou para 65 o número de parlamentares que apoiam a indicação de Netanyahu como premiê. Se assumir, será a primeira vez que o cargo não ficará com o partido vencedor da eleição em Israel.
Apesar de não ter descartado integrar um governo de maioria estreita, Liberman defendeu o acordo entre os aspirantes a premiê. "Precisamos de um governo amplo, com os três grandes partidos -Likud, Kadima e Israel Beitenu. Netanyahu irá liderar, mas será um governo dele e Livni juntos."
No início do dia, a líder do Kadima enviou mensagem SMS a 80 mil membros do seu partido rejeitando a ideia de integrar um governo "de extrema-direita". Mas Livini recuou horas depois, afirmando em entrevista publicada no site do jornal "Haaretz" que considera uma coalizão ao lado de Likud e Israel Beitenu.
Mais tarde, ao acompanhar a visita do senador americano John Kerry à cidade de Sderot, ela disse não ter "intenção de alterar nenhuma fração do rumo do Kadima", que descreveu como "avançar no processo de paz e combater o terrorismo".

Impasse
A declaração de Livni na presença de um colega do presidente americano Barack Obama no Partido Democrata ilustra a dificuldade que Netanyahu deve enfrentar para implantar suas propostas.
Ele é contra o Estado palestino e a devolução dos territórios ocupados por Israel, defende a expansão das colônias israelenses e já sustentou a proposta de um ataque ao Irã.
"Se Netanyahu quer coesão e paz entre os quadros de sua coalizão, isso significará isolamento do resto do mundo. Se ele quiser evitar condenações internacionais, irá encarar ruptura e dissensão dentro de sua coalizão", disse o cientista político Menachem Hofnung, para quem o líder do Likud acabará cedendo às exigências de Livni para ela ingressar no governo.
Nos EUA, o enviado especial de Obama ao Oriente Médio, George Mitchell, também evidenciou a dificuldade que Netanyahu terá para realizar sua plataforma. Em conversa telefônica com lideranças judaicas, o americano enfatizou que seu governo "tem um firme e inabalável compromisso com a segurança do Estado de Israel e com a busca pela paz, calcada na solução de dois Estados".


Com agências internacionais



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