|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Questão hondurenha ainda causa atrito na América Latina
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A CANCÚN (MÉXICO)
Enquanto o Brasil ensaia
uma aproximação com o novo
governo hondurenho, outros
países da região liderados por
presidentes esquerdistas vêm
sinalizando de que não seguirão o mesmo caminho, ao menos no curto prazo. O assunto,
porém, não estava até ontem na
agenda oficial da cúpula.
O caso mais claro é o da Venezuela, que costuma arrastar
em sua posição diplomática os
demais sete países da Alba (Alternativa Bolivariana para os
Povos de Nossa América), incluindo Bolívia, Equador e Cuba -Honduras, que entrou no
bloco no governo Manuel Zelaya, deixou de participar após a
sua deposição.
Na quarta, os governos Porfirio "Pepe" Lobo e Hugo Chávez
(que ontem confirmou presença na cúpula de Cancún) tiveram seu primeiro bate-boca.
Em visita à Colômbia, o ministro da Segurança hondurenho,
Óscar Álvarez, disse que a
maioria dos aviões com cocaína
que chegam ao país são venezuelanos. Em resposta, o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, disse que Álvarez é "filho
de um governo de um golpe de
Estado, de um processo eleitoral distorcido e fraudulento" e
que o hondurenho fora a Bogotá "visitar os chefes do cartel".
O Uruguai também foi enfático em sua posição de não reconhecer o governo Lobo.
Luis Almagro, chanceler do
presidente eleito, José Mujica,
que assume no mês que vem,
disse que o país não reconhecerá o novo presidente "até que
apareçam novos elementos que
garantam abertura democrática e estabilidade"". Segundo Almagro, a eleição hondurenha
de novembro foi uma tentativa
de "lavar" a deposição de Zelaya da Presidência, em 28 de junho.
Já a Chancelaria mexicana,
anfitriã da cúpula, ratificou que
Honduras não foi convidada
oficialmente nem enviará representantes a Cancún, mas
afirmou que alguns países centro-americanos defenderiam o
reconhecimento do governo
Lobo.
A eleição de Lobo sem a volta
de Zelaya ao poder dividiu a região. Colômbia, Peru e Panamá,
todos com presidentes de direita, além dos EUA, reconheceram o novo governo, à diferença dos líderes de esquerda.
Participarão da cúpula 33
países integrantes da Calc (Cúpula da Unidade da América
Latina e do Caribe). Desses, 22
nações, integrantes do Grupo
do Rio, farão uma espécie de
cúpula paralela.
Os principais temas serão a
criação de uma nova entidade
latino-americana a partir da
Calc e a ajuda ao Haiti.
Texto Anterior: Análise: Reviravolta brasileira é o fim da teimosia Próximo Texto: Tensão no sul: Malvinas mantêm prospecção apesar de decreto argentino Índice
|