São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2011

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Resposta a manifestações na Líbia já soma 84 mortes

Relatos acusam militares e mercenários de abrir fogo contra desarmados

Estimativa de vítimas feita por ONG de defesa dos direitos humanos não inclui confrontos que ocorreram ontem

DE SÃO PAULO

Pelo menos 84 pessoas já morreram nos confrontos entre forças de segurança líbias e manifestantes contrários ao ditador Muammar Gaddafi, que duram quatro dias.
O número não inclui fatos ocorridos ontem e foi elaborado pela ONG americana Human Rights Watch (HRW) com base em informações passadas, por telefone, por hospitais locais.
As autoridades do país não contabilizam vítimas e proíbem o trabalho da mídia internacional, enquanto a TV estatal ignora os protestos. A rede Al Jazeera, do Qatar, que acompanha de perto a onda de protestos na região, diz ter tido seu sinal de TV cortado.
Às 2h de ontem (22h de sexta-feira em Brasília), a internet foi cortada. Cerca de três horas depois, as forças de segurança atacaram manifestantes que estavam acampados em frente ao fórum de Benghazi (1.000 km de Trípoli), a segunda maior cidade do país (veja mapa na próxima página).
Segundo relatos obtidos pela rede de TV americana CNN, helicópteros abriram fogo contra a população.
"Eles [forças de segurança] jogaram gás lacrimogêneo nas tendas e limparam a área enquanto muitos tentavam fugir carregando mortos e feridos", disse um manifestante, por telefone, à agência Associated Press.
Após o confronto, testemunhas viram ao menos 20 caixões sendo levados para uma cerimônia fúnebre nas proximidades.
Ruas da cidade ficaram vazias. Sem a polícia, os moradores se organizaram em brigadas de autodefesa para patrulhar os bairros. Havia relatos de que milícias tinham invadido casas de opositores.

MANIFESTAÇÕES
Os protestos, influenciados pela queda dos regimes na Tunísia e no Egito, começaram na semana passada em quatro cidades na região da Cyrenaica -que concentra os opositores aos 42 anos de ditadura de Gaddafi.
A região sofre uma escalada da violência desde que, na quinta-feira, forças de segurança abriram fogo contra uma multidão que protestava pacificamente em Benghazi, deixando 20 mortos.
Anteontem, mais 35 foram mortos na cidade durante um protesto após o funeral das vítimas do dia anterior.
Segundo a HRW, também houve pelo menos 23 assassinatos em Baida, três em Ajdabiya e três em Derna.
Segundo testemunhas, a repressão é conduzida por unidades de elite do Exército e por mercenários estrangeiros. Em Baida, a polícia local se uniu aos manifestantes, mas não há informações sobre os combates.


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