São Paulo, sábado, 20 de março de 2004

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GUERRA DO IRAQUE - 1 ANO DEPOIS

Presidente defende guerra e reconciliação com seus críticos em discurso para representantes de 83 países na Casa Branca

Bush diz que sua missão é "inescapável"

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, George W. Bush, usou seu discurso para marcar um ano da Guerra do Iraque, completado hoje, para fazer um balanço de sua campanha internacional contra o terrorismo.
Dirigindo-se ontem a representantes de 83 países, muitos dos quais não concordam com a relação estabelecida pelos EUA entre o ex-ditator Saddam Hussein e a rede Al Qaeda, Bush afirmou que o combate ao terror faz parte de um "convocação inescapável para a nossa geração".
"Representamos países que reconheceram o perigo terrorista e que vão derrotar a ameaça. Enquanto nos reunimos, a lembrança da violência e do terror ainda está fresca em nossa memória", disse Bush, em referência aos atentados na Espanha que mataram mais de 200 pessoas há pouco mais de uma semana.
Entre os presentes ao evento na Casa Branca estavam representantes de países que se opuseram à Guerra do Iraque, como França, Alemanha, Rússia e Canadá.
"Houve muitas discordâncias em relação a esse assunto [a guerra] entre velhos e valorosos amigos. Essas diferenças pertencem ao passado, e todos devemos concordar que a queda do ditador iraquiano removeu uma fonte de violência e instabilidade no Oriente Médio", disse Bush.
O presidente disse que as campanhas militares no Afeganistão e no Iraque "levaram sinais de esperança a milhões de pessoas" no Oriente Médio e na Ásia central.
Bush comparou a atual situação dos dois países à de Portugal e Espanha na década de 70 e à Polônia nos anos 80, que teriam "inspirado mudanças democráticas" na América Latina e nos países do Leste Europeu, respectivamente.
Bush não fez nenhuma menção aos quase 600 soldados norte-americanos mortos no Iraque desde o início da guerra e ao fato de não terem sido encontradas até agora as armas de destruição em massa iraquianas usadas como principal justificativa para o conflito.

Custos
Não houve qualquer comentário também sobre os custos do conflito, que ultrapassaram em muito as estimativas iniciais do Pentágono e da Casa Branca.
Na mídia norte-americana, especialmente na TV, o aniversário da Guerra do Iraque também não inspirou muitas críticas ou observações negativas.
As principais redes, ao contrário, exibiram especiais sobre atrocidades cometidas pelo regime de Saddam e longas entrevistas com autoridades. À noite, por exemplo, estava previsto um especial no programa "Larry King Live", da rede de TV CNN, com o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld.
Entre os jornais, o "New York Times" dedicou toda a sua seção de editoriais para falar do Iraque, onde fez críticas à condução da guerra e à reconstrução.
Referindo a um possível aumento da participação das Nações Unidas no Iraque a partir de 30 de junho, o jornal afirmou: "Esperamos que o presidente use o tempo até lá para planejar seus próximos passos melhor do que planejou a ocupação".


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