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IRAQUE SOB TUTELA
"Se 60 mortos por dia não são guerra civil, então Deus sabe o que é", diz Allawi; americanos minimizam cenário
Iraque está em guerra civil, diz ex-premiê
DA REDAÇÃO
O ex-premiê do Iraque Iyad
Allawi, árabe xiita, disse ontem
que o Iraque está imerso "desgraçadamente em uma guerra civil",
cujas conseqüências afetarão a
Europa e os EUA. "Talvez não tenhamos alcançado o ponto sem
retorno, mas estamos perto."
O tema da guerra civil tem dominado o terceiro aniversário da
invasão americana (que, pelo horário de Brasília, começou às
23h35 do dia 19 de março de
2003). Os analistas estão divididos
sobre o assunto, e o clima no país
é cada dia mais tenso.
"Estamos perdendo uma média
de 60 pessoas por dia, senão mais,
em todo o país. Se isso não é uma
guerra civil, então Deus sabe o
que é uma guerra civil", disse
Allawi. A declaração foi rebatida
pelo presidente iraquiano, o curdo Jalal Talabani, mas sem muita
convicção -o próprio Talabani
recentemente havia alertado sobre a ampliação do conflito entre
xiitas e sunitas.
"Não se pode descartar totalmente o risco de guerra civil", disse o presidente. "O povo iraquiano não pode aceitar uma guerra
civil. Temos dificuldades, mas o
apego dos iraquianos a seu país
impedirá uma guerra dessas."
Do lado americano, as autoridades também se esforçaram para
minimizar os sinais de conflito
generalizado no Iraque. O vice-presidente dos EUA, Dick Cheney
disse que os "terroristas" estão fazendo "sérios esforços" para fomentar a guerra civil, mas "eles
não estão sendo bem-sucedidos".
Já o comandante militar americano no Iraque, general George Casey, afirmou que a guerra civil não
é nem iminente nem inevitável:
"Há violência terrorista no Iraque? Há. Más temos um longo caminho até uma guerra civil."
Para Talabani, o Iraque se encaminha a uma "fórmula de acordo
nacional". Mas árabes sunitas,
árabes xiitas e curdos ainda não
chegaram a um consenso sobre
um governo de união nacional.
A expectativa é sobre a participação do xiita Irã, que tem fortes
laços com o governo interino iraquiano, nas negociações para estabilizar o Iraque. Talabani defendeu essa mediação. Diplomatas
americanos devem se encontrar
com representantes iranianos na
próxima semana, segundo fontes
políticas iraquianas citadas pela
agência Reuters.
Mas os EUA, que consideram o
Irã parte do "eixo do mal", expressaram desconfiança sobre os
iranianos. "Eles estão jogando um
jogo muito delicado", disse o general Casey. "Por um lado, eles
querem um vizinho estável; por
outro, eu não acredito que eles
queiram que nós [os americanos]
sejamos bem-sucedidos lá."
Em Teerã, um funcionário iraniano disse à agência Reuters que
espera que as negociações foquem "num prazo para a retirada
das forças de ocupação".
Casey, no entanto, disse que as
tropas americanas devem ficar no
Iraque por "mais um par de
anos", com redução gradual à
medida que as forças iraquianas
esteja mais bem preparadas.
O terceiro aniversário da Guerra do Iraque foi marcado por protestos em várias partes do mundo,
inclusive nos EUA. Em Chicago,
mais de 7.000 pessoas marcharam
anteontem exigindo a retirada
dos soldados americanos.
Em um ataque em Duluiya, forças americanas mataram oito pessoas, depois que uma patrulha foi
emboscada. Segundo a polícia
iraquiana, entre os mortos estão
um menino de 13 anos e seus pais.
O comando dos EUA disse que os
mortos eram "terroristas".
Com agências internacionais
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