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Bush pede tempo, 4 anos depois da invasão do Iraque
Presidente diz que "luta pode ser ganha" e procura dividir as responsabilidades
Segundo ele, Congresso americano têm a obrigação de destinar mais dinheiro ao conflito; ex-vice de Saddam será enforcado em Bagdá
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
No aniversário de quatro
anos da invasão do Iraque,
George W. Bush foi à televisão
pedir mais tempo aos norte-americanos. Com a popularidade em recorde negativo e na segunda metade de seu último
mandato, o presidente procurou se distanciar do conflito, ao
chamar as forças da coalizão liderada pelos EUA de "eles" e
dividir a responsabilidade da
condução da guerra com o Congresso.
"Há quatro anos, as forças da
coalizão deram início à Operação Liberdade Iraquiana para
tirar Saddam Hussein do poder", começou o republicano.
"Eles fizeram isso para eliminar a ameaça que o regime dele
oferecia ao Oriente Médio e ao
mundo." "Hoje", continuou, "o
mundo está livre do tirano, que
foi responsabilizado por seus
crimes por seu próprio povo".
Na fala de pouco mais de dez
minutos, Bush afirmou que a
missão mais importante é "ajudar os iraquianos a tornar sua
capital segura", operação que
"ainda está nos estágios iniciais", e avisou que "a nova estratégia ainda precisará de
mais tempo para dar resultado". "A luta é difícil, mas pode
ser ganha", disse.
Bush aproveitou a ocasião
para pressionar publicamente
o Congresso, desde janeiro nas
mãos da oposição democrata.
Neste momento, a Câmara
dos Representantes (deputados federais) dos EUA discute
um projeto de lei que aprova
US$ 124 bilhões em despesas
militares extraordinárias, dos
quais US$ 95,5 bilhões para o
Iraque. A proposta traz uma
cláusula posta pelos democratas que vincula a liberação da
verba a uma retirada escalonada das tropas até o fim de 2008.
Deve ser votada nesta semana.
"Eles [os parlamentares] têm
a responsabilidade de assegurar que essa lei garanta os fundos e a flexibilidade de que nossas tropas precisam", afirmou.
O presidente dos EUA se recusa a aceitar prazos para a retirada dos soldados norte-americanos do Iraque. Segundo
Bush, um Iraque autônomo faria "os terroristas emergirem
do caos".
Reação democrata
A reação da oposição veio minutos depois do discurso. "Paciência não é uma estratégia",
disse o senador John Kerry,
candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2004.
Opinião semelhante mostrou o
líder da maioria no Senado,
Harry Reid: "Um balanço dos
últimos quatro anos revela uma
série de fracassos do governo
Bush: ao planejar a ocupação,
ao abastecer nossas tropas e ao
prestar contas".
Nem só os políticos de oposição parecem discordar do raciocínio de Bush. Segundo levantamento divulgado pela
CNN na semana passada, 54%
dos entrevistados acreditam
que os EUA não têm condições
de ganhar a guerra, a primeira
vez em quatro anos que a maioria tem essa opinião. O percentual é idêntico ao dos que responderam que o governo "confundiu deliberadamente" a população na questão sobre se
Saddam tinha ou não armas de
destruição em massa -não tinha, como comprovado depois.
Sentimento semelhante vem
do Iraque. Levantamento encomendado por três emissoras
de TV revela que 39% dos iraquianos consideram boa sua vida, ante 71% que pensavam assim havia dois anos. Já 35%
acreditam que terão uma vida
melhor em um ano, queda em
relação aos 64% de 2005.
Mesmo a secretária de Estado de Bush, Condoleezza Rice,
deixou escapar algumas ressalvas. Em entrevista pela manhã,
em que de resto defendeu a invasão, afirmou que os EUA
"provavelmente" erraram ao
não enviar mais tropas logo
após a condenação de Saddam.
Forca
Assim como Saddam o foi no
fim do ano passado, seu vice-presidente quando da queda do
regime, Taha Yassin Ramadan,
também deve ser enforcado em
breve.
Autoridades iraquianas solicitaram aos EUA, que mantêm
Ramadan sob sua custódia, que
o entregassem para execução
ainda hoje.
Ramadan, Saddam Hussein e
mais dois membros do antigo
governo já executados foram
condenados pelo massacre de
148 xiitas em 1982.
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