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Militares de Israel revelam abusos em Gaza
Soldados relatam ordens de atirar em mulheres e crianças palestinas desarmadas; governo promete abrir investigação
Ministro da Defesa diz que
Exército é "o mais ético do mundo", mas reservista conta ter sido instruído a
deixar sua moral de lado
Ali Ali - 16.mar2009/Efe
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Meninas palestinas diante da cabana onde moram, formada pelos escombros da casa da família, destruída durante a ofensiva de 22 dias, encerrada em 18 de janeiro
DA REDAÇÃO
Soldados israelenses que
participaram da recente ofensiva de 22 dias na faixa de Gaza
relataram assassinatos de civis
desarmados e atos sistemáticos
de vandalismo contra casas de
palestinos.
As narrativas, de formandos
na Academia Militar de Oranim, vieram a público ontem,
pelo jornais israelenses "Haaretz" e "Maariv". Mais tarde, o
Exército abriu investigação para apurar violações na ofensiva,
que matou mais de 1.400 palestinos e 13 israelenses.
As revelações foram feitas
pelos soldados em 13 de fevereiro e chocaram o diretor da
escola, Danny Zamir. Ele relatou o episódio aos superiores,
que solicitaram uma transcrição do que fora dito. O "Haaretz" promete publicar mais
detalhes do documento hoje.
Os textos divulgados ontem
apontam que alguns envolvidos
nas ações tiveram questionamentos éticos ao receberem ordens como derrubar a porta de
entrada de uma residência e revistá-la cômodo a cômodo, disparando indiscriminadamente
em quem estivesse lá dentro.
Mas revelam que houve reclamações quando foi revogada
a ordem de atirar nos moradores sem alertas prévios. "Devemos matar todo mundo [no
centro de Gaza]. São todos terroristas", disse um militar, segundo o "Haaretz".
O "Maariv" publicou a declaração de um soldado que recebeu ordem de jogar os bens dos
palestinos pela janela das casas
invadidas "para colocá-las em
ordem e abrir espaço".
Para o ministro da Defesa,
Ehud Barak, os incidentes relatados são exceções. "Passei dezenas de anos de uniforme. Temos o Exército mais ético do
mundo", disse o ex-premiê.
"Moral à parte"
O documento obtido pelos
jornais israelenses não é a única fonte de relatos sobre abusos. O "New York Times" publicou entrevista do historiador
Amir Marmor, na qual o reservista se disse chocado pela maneira como as baixas civis foram debatidas no treinamento,
antes de sua unidade de tanques entrar em Gaza.
"Atirem e não se preocupem
com as consequências", foi a
orientação de um tenente-coronel. "Ele [o instrutor] disse
que não poderíamos correr riscos na operação. Moral à parte,
temos que fazer nosso trabalho", relatou Marmor.
"O que é ótimo em Gaza: você
vê uma pessoa no caminho e
você pode simplesmente atirar,
sem que ela precise estar armada", declarou um comandante
de patrulha indagado sobre a
morte de uma idosa, segundo o
"New York Times".
Outro relato de assassinato
publicado ontem foi de uma
mulher e seus dois filhos, mortos por um franco-atirador depois de deixarem o prédio onde
haviam sido confinados e caminharem para o lado oposto ao
que os militares mandaram.
O "Haaretz" publicou que
um soldado que viu o episódio
contou que o atirador "não se
sentiu tão mal, porque, afinal
de contas, cumpriu ordens". E
justificou: "As vidas dos palestinos são muito, muito menos
importantes que as vidas de
nossos soldados".
Para Arik Asjerman, diretor
da ONG Rabinos pelos Direitos
Humanos, ainda que "apenas
uma fração dos testemunhos
seja verdadeira e inclusive se
houver explicação para algumas dessas ações, estaríamos
falando de um tsunami moral
que nos obriga a fazer jejum, luto e um exame de consciência".
Já a ONG israelense Yes Din
expressou que "se Israel não investiga seus delitos, outros países terão de fazê-lo".
Investigação
A observação faz eco a pleito
de juízes ligados a julgamentos
de crimes de guerra, apresentado no domingo ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e
ao Conselho de Segurança, para
abertura de investigação internacional sobre supostos crimes
de guerra de Israel e Hamas no
confronto. O grupo islâmico
que controla a faixa de Gaza foi
acusado de torturar e executar
palestinos de facções rivais e
colaboradores dos israelenses.
O relator da ONU para os territórios palestinos, Richard
Falk, disse que a ofensiva em
Gaza foi crime de guerra de
"grande magnitude".
Com agências internacionais
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