São Paulo, domingo, 20 de março de 2011

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Separatistas tchetchenos usam site como porta-voz

Página publica vídeos com discursos de líderes guerrilheiros extremistas

Pressão da Rússia fez página ser banida de servidores de internet em sete países, mas ela ainda pode ser acessada

MARINA DARMAROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM MOSCOU


Apesar da perseguição russa, um site vem atuando como o principal porta-voz da guerrilha separatista tchetchena. Ele publica vídeos de líderes extremistas e mensagens de caráter religioso em cinco línguas.
Quase três semanas após o ataque suicida que, em 24 de janeiro, deixou 36 mortos e 180 feridos num aeroporto em Moscou, um dos líderes guerrilheiros tchetchenos, Doku Umarov, reivindicou a autoria do atentado num vídeo postado no site Kavkaz center.com.
Proclamando-se um "centro de análise dos fatos", o Kavkazcenter poderia ser o site de uma agência de notícias comum -não fosse o fato de que é controlado pela maior militância extremista do norte do Cáucaso.
"Não só Umarov, mas o chefe ideológico da ala islâmica, Movladi Udugov, são os oponentes da Rússia na mesma medida em que Osama bin Laden é ou era o de George W. Bush", disse o jornalista Tony Wood, autor de um livro independente sobre as guerras da Tchetchênia.
Udugov é um dos idealizadores da criação de um Estado islâmico no norte do Cáucaso e fundou o site na década de 90.
A origem do conflito na região remonta à época czarista, quando áreas predominantemente muçulmanas foram anexadas à Rússia, segundo o imã Syed Soharqwardy, da ONG Muçulmanos contra o Terrorismo.
Bloqueado pelos servidores russos a mando do governo, seu acesso ainda é possível no exterior e também dentro do país.

SITES-ESPELHO
Para burlar a censura, seus operadores usam sites-espelho -programas que copiam o conteúdo original do site e o hospedam em vários servidores diferentes.
O Kremlin não só tentou impedir o funcionamento do site no país como pressionou outras nações a bani-lo de seus servidores de internet.
Como resultado, os realizadores da página viram-se obrigados a mudar de servidor diversas vezes.
O Kavkazcenter já esteve hospedado nos Estados Unidos, no Reino Unido, na Malásia, na Estônia, na Suécia e na Finlândia.
Da Lituânia, foi expulso logo após a publicação de uma série de fotografias das preparações do ataque à escola de Beslan.
Contudo o site tem cinco opções de línguas (russo, ucraniano, árabe, turco e inglês) e não inclui o tchetcheno -o que, para os russos, indica que ele não representa a população do Cáucaso.


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