São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2000


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HACKERS
Canadá detém primeiro suspeito do maior ataque contra a rede de computadores, ocorrido em fevereiro
Mafiaboy, 15, é preso por ação na Internet

das agências internacionais

A polícia do Canadá anunciou ontem ter prendido um dos hackers responsáveis pela onda de ataques que, em fevereiro, abalou grandes sites da Internet.
O ciberpirata, de apenas 15 anos, foi identificado apenas como Mafiaboy, seu codinome no "mundo virtual". Pelas leis do país, seu verdadeiro nome não pode ser revelado, por se tratar de um menor de idade.
Ele foi detido no último sábado, mas já foi solto após pagar fiança. Entre as condições impostas para sua libertação está a proibição de usar um computador, a não ser para objetivos acadêmicos e sob a supervisão de um professor.
Mafiaboy também não poderá se conectar à Internet nem frequentar lojas que vendam produtos de informática.
Durante três dias, na primeira quinzena de fevereiro, uma ação coordenada por um grupo de hackers prejudicou o funcionamento de sites muito populares como Yahoo (programa de busca), Amazon (livraria on line) e CNN (rede internacional de notícias).
Foi a pior ofensiva de hackers na breve história da Internet. O ataque foi feito com o auxílio de ferramentas capazes de derrubar grandes computadores (conhecidos como servidores), que gerenciam o acesso aos sites (veja quadro ao lado).

Confissão
Mafiaboy afirmou em diversas ocasiões, em salas de bate-papo na Internet, ter sido um dos responsáveis pelos ataques.
Ao prender o hacker -a cidade em que vive também não foi revelada, mas há indícios de que seja Montreal-, a polícia canadense também fez uma busca em sua casa, confiscando computadores e acessórios.
Suspeita-se que ele tenha tido participação nas ações contra a maior parte dos grande sites alvejados. Mas, por enquanto, a Justiça do Canadá o indiciou apenas por prejuízos causados ao site da CNN (e a outras cerca de 1.200 páginas abrigadas nos computadores da empresa) na semana do dia 7 de fevereiro.
O processo se enquadra juridicamente dentro da chamada Lei do Abuso e Fraude por Computador. Ela proíbe o acesso não autorizado a informações e a transmissão por rede de computadores de qualquer coisa que venha a provocar prejuízo ou facilitar fraudes ou extorsões.
As penas previstas no Canadá para crimes desse tipo vão de seis meses (para réus primários) até dez anos (para reincidentes) de prisão. E multas cujo valor é o dobro do prejuízo total da vítima.

Caçando hackers
A onda de ataque aos sites aumentou a preocupação do governo dos EUA com crimes cometidos por computador por ser um risco à chamada "nova economia" (empresas de alta tecnologia, muitas com ações em bolsa).
Ações desse tipo prejudicam a confiança dos consumidores, que temem que os hackers acessem os bancos de dados dos sites de comércio eletrônico e roubem seus números de cartão de crédito, entre outras informações.
Com isso em mente, o governo norte-americano destacou uma unidade especial do FBI (polícia federal) para seguir as trilhas digitais dos ciberpiratas.
Mafiaboy foi encontrado após investigações em provedores de acesso à Internet de Montreal, que tinham um usuário cadastrado com esse apelido.
Autoridades dos EUA e do Canadá continuam investigando outros suspeitos de terem participado dos ataques e afirmam que novas detenções podem ser feitas em breve.


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