São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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ÁSIA

Pesquisas indicam que partido do atual premiê deve sair vitorioso; votos só começam a ser compilados em 13 de maio

Começa na Índia "a maior eleição do mundo"

DA REDAÇÃO

Cerca de 660 milhões de indianos começam hoje uma maratona eleitoral que segue até 10 de maio para escolher os 543 legisladores que ocuparão a Câmara Baixa do Parlamento nos próximos cinco anos e, conseqüentemente, um novo premiê.
Pesquisas indicam que o atual ocupante do cargo, Atal Behari Vajpayee, 79, deve obter seu terceiro mandato com relativa facilidade sobre Sonia Gandhi, 52, viúva de Rajiv Gandhi e líder do Partido do Congresso, que por anos dominou a política indiana.
Vajpayee, cujo BJP (Partido Bharatiya Janata) lidera uma ampla coalizão, consolidou seu já extenso apoio popular sobre um impressionante crescimento econômico e uma bem-sucedida política externa, cujo foco é a aproximação com o vizinho e rival nuclear Paquistão.
Além disso, beneficiou-se da fragilidade da oposição, que tem em Gandhi uma líder reticente que se, por um lado, carrega um sobrenome reverenciado, por outro, vê em sua origem italiana um ponto obscuro entre os eleitores.
As pesquisas mais recentes, divulgadas pela revista "India Today", mostram que a coalizão governista deve ficar com 282 dos 543 assentos no Parlamento, pouco mais da metade necessária para governar. Mas a vantagem do partido vem diminuindo -pesquisas em janeiro indicavam a conquista de 335 cadeiras.

Economia forte
No ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) indiano saltou 10,4%, para US$ 510 bilhões, puxado por uma indústria de tecnologia da informação que se firmou entre as maiores do mundo.
A dificuldade do governo tem sido traduzir o vigor financeiro em indicadores sociais positivos, já que a Índia é só a 127ª no ranking de desenvolvimento humano da ONU. O crescimento econômico fez da homogeneização da sociedade uma demanda premente num país, na prática, ainda dividido em castas.
A secularidade é outro ponto da agenda eleitoral. O debate tem privilegiado a maior convergência entre a maioria hindu (80%) e a minoria muçulmana (14%), e o BJP, cuja forte posição nacionalista hindu há anos implica numa relação tensa com os muçulmanos, adotou desta vez um discurso mais moderado.
Ainda assim, a oposição segue acusando o governo de ter arraigada uma inclinação contrária aos 120 milhões de muçulmanos indianos e de representar uma ameaça ao caráter secular do país.
A votação de hoje abarca 13 dos 29 Estados indianos -incluindo Jammu e Caxemira, palco de confrontos entre separatistas muçulmanos e forças do governo, e Gujarat, onde as tensões entre hindus e muçulmanos se transformaram em embates sangrentos há dois anos. Jharkhand, Bihar e Andhra Pradesh -onde atuam milícias esquerdistas- também são foco de atenção.
Para evitar a violência, a segurança será reforçada durante o pleito. A Comissão Eleitoral disse ter tomado todas as "precauções adequadas para que todos os eleitores exerçam livremente e sem medo seus direitos".


Com agências internacionais

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