São Paulo, segunda-feira, 20 de abril de 2009

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Brasil pede "agenda" para manter aproximação AL-EUA

Governo defende atenção especial para Argentina

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PORT OF SPAIN

O governo brasileiro não quer que o bom ambiente que acabou prevalecendo na 5ª Cúpula das Américas fique apenas na retórica e nas boas intenções: Nelson Jobim, ministro da Defesa, e Marco Aurélio Garcia, o assessor diplomático do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cobraram de Jim Jones, assessor para Segurança Nacional do presidente dos EUA, Barack Obama, que haja uma sequência objetiva o mais depressa possível.
Sugeriram até um imediato primeiro passo: a criação do que chamaram de "agenda positiva" para as relações entre os EUA e Venezuela e Bolívia, países com os quais há fortes atritos, e até com a Colômbia.
No caso colombiano, o presidente Lula já fez mais de uma gestão em favor de seu colega Álvaro Uribe, cujo relacionamento muito próximo com o governo George Walker Bush lhe criou problemas sérios com o sucessor.
Mas a gestão do governo brasileiro estendeu-se também à Argentina. Marco Aurélio e Jobim disseram a Jones que a Argentina deveria ser tratada carinhosamente por ser muito importante para a integração sul-americana.
"Brasil e Argentina funcionam para a integração sul-americana como França e Alemanha funcionaram para a integração europeia", disseram. França e Alemanha foram durante anos o motor da integração europeia.
Mais: Jobim e Marco Aurélio disseram que os dois juntos podem até ser insuficientes para empurrar a integração, mas, com os dois separados, a integração não irá a lugar algum.
O encontro com Jim Jones é apenas um detalhe de como o entendimento entre os governos brasileiro e americano deslanchou nesses três meses da gestão Obama. Não que fosse ruim com Bush, como o próprio Lula fez questão de ressaltar na entrevista coletiva que concedeu após a cúpula.
"Sou grato ao comportamento que o presidente Bush teve com o Brasil durante toda a sua gestão e a minha. Foi uma relação democrática e civilizada, entre dois países que se respeitam", afirmou.
Mas acrescentou: "Acho que é possível construir uma relação melhor com Obama".
É o que está ocorrendo.
Houve, aliás, um segundo encontro paralelo entre altos funcionários dos dois lados: Celso Amorim, o chanceler, encontrou-se com Ron Kirk, o chefe do USTr, que é uma espécie de ministério do comércio exterior. Discutiram a Rodada Doha, o projeto de liberalização comercial lançado há oito anos e estancado desde então.
Amorim sugeriu a Kirk que, antes mesmo de concluir o processo de consultas internas sobre a rodada, ouça os principais atores da negociação, que não especificou mas que se sabe serem China, Índia, União Europeia, Japão e Austrália, além do próprio Brasil, é claro.
Nem Jim Jones nem Ron Kirk deram resposta imediata às petições dos funcionários brasileiros, mas a parceria está ganhando contornos mais e mais sólidos.

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