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Brasil pede "agenda" para manter aproximação AL-EUA
Governo defende atenção especial para Argentina
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PORT OF SPAIN
O governo brasileiro não
quer que o bom ambiente que
acabou prevalecendo na 5ª Cúpula das Américas fique apenas
na retórica e nas boas intenções: Nelson Jobim, ministro
da Defesa, e Marco Aurélio
Garcia, o assessor diplomático
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, cobraram de Jim Jones, assessor para Segurança
Nacional do presidente dos
EUA, Barack Obama, que haja
uma sequência objetiva o mais
depressa possível.
Sugeriram até um imediato
primeiro passo: a criação do
que chamaram de "agenda positiva" para as relações entre os
EUA e Venezuela e Bolívia, países com os quais há fortes atritos, e até com a Colômbia.
No caso colombiano, o presidente Lula já fez mais de uma
gestão em favor de seu colega
Álvaro Uribe, cujo relacionamento muito próximo com o
governo George Walker Bush
lhe criou problemas sérios com
o sucessor.
Mas a gestão do governo brasileiro estendeu-se também à
Argentina. Marco Aurélio e Jobim disseram a Jones que a Argentina deveria ser tratada carinhosamente por ser muito
importante para a integração
sul-americana.
"Brasil e Argentina funcionam para a integração sul-americana como França e Alemanha funcionaram para a integração europeia", disseram.
França e Alemanha foram durante anos o motor da integração europeia.
Mais: Jobim e Marco Aurélio
disseram que os dois juntos podem até ser insuficientes para
empurrar a integração, mas,
com os dois separados, a integração não irá a lugar algum.
O encontro com Jim Jones é
apenas um detalhe de como o
entendimento entre os governos brasileiro e americano deslanchou nesses três meses da
gestão Obama. Não que fosse
ruim com Bush, como o próprio Lula fez questão de ressaltar na entrevista coletiva que
concedeu após a cúpula.
"Sou grato ao comportamento que o presidente Bush teve
com o Brasil durante toda a sua
gestão e a minha. Foi uma relação democrática e civilizada,
entre dois países que se respeitam", afirmou.
Mas acrescentou: "Acho que
é possível construir uma relação melhor com Obama".
É o que está ocorrendo.
Houve, aliás, um segundo encontro paralelo entre altos funcionários dos dois lados: Celso
Amorim, o chanceler, encontrou-se com Ron Kirk, o chefe
do USTr, que é uma espécie de
ministério do comércio exterior. Discutiram a Rodada Doha, o projeto de liberalização
comercial lançado há oito anos
e estancado desde então.
Amorim sugeriu a Kirk que,
antes mesmo de concluir o processo de consultas internas sobre a rodada, ouça os principais
atores da negociação, que não
especificou mas que se sabe serem China, Índia, União Europeia, Japão e Austrália, além do
próprio Brasil, é claro.
Nem Jim Jones nem Ron
Kirk deram resposta imediata
às petições dos funcionários
brasileiros, mas a parceria está
ganhando contornos mais e
mais sólidos.
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