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Ativistas lamentam boicote a encontro contra o racismo
Ausências de EUA, Alemanha, Holanda, Polônia, Austrália, Itália, Israel e Canadá esvaziam conferência em Genebra
Ausentes alegam risco de antissemitismo; ministro brasileiro crítica "presidente negro que boicota uma reunião contra o racismo"
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A decisão da Casa Branca de
boicotar a Conferência Contra
a Discriminação Racial das Nações Unidas, que começa hoje
em Genebra, causou enorme
decepção entre grupos de direitos humanos, que esperavam o
engajamento do primeiro governo dos EUA chefiado por
um afro-americano.
Agora, a preocupação na
ONU é que debate seja dominado por disputas entre o mundo
islâmico e o Ocidente, como
ocorreu no encontro de 2001,
em Durban (África do Sul). Em
uma dose adicional de polêmica, o encontro será aberto pelo
presidente do Irã, Mahmoud
Ahmadinejad, que prega o fim
de Israel e já disse que o Holocausto é "um mito".
Israel, Canadá, Itália, Holanda e Austrália já haviam anunciado que ficarão fora. Ontem,
Alemanha e Polônia ignoraram
os apelos da ONU e também
aderiram ao boicote. Vários
países, entre eles o Brasil, estavam ontem envolvidos em intensas gestões para garantir a
presença da França.
Entre os países da União Europeia, só o Reino Unido confirmou presença. Até a noite de
ontem, não havia definição se a
UE participaria como bloco.
Caso o bloco siga o caminho dos
EUA, estimam ativistas, além
de esvaziar a cúpula, criarão
risco real de que o consenso obtido em torno do documento da
conferência vá por água abaixo.
Chefe da delegação brasileira
na conferência, o ministro Edson Santos, da Igualdade Racial, lamentou a decisão dos
EUA, mas disse que é preciso
evitar que ela prejudique a reunião. "O problema de ter um
presidente negro que boicota
uma conferência contra o racismo é mais dos americanos
do que da conferência", disse
Santos. "É uma contradição."
Os EUA e os demais países
que aderiram ao boicote alegam que o encontro caminha
para se tornar uma plataforma
de ataques antissemitas e contra o Ocidente, como ocorreu
em 2001. Há oito anos, israelenses e americanos abandonaram as discussões em meio a
pesadas críticas ao sionismo.
A aprovação, na última sexta,
de um esboço do documento
que será a base da conferência,
reavivou esperanças na ONU
de que os EUA e os demais países relutantes decidissem participar. Foram eliminadas referências diretas ao conflito entre israelenses e palestinos e o
polêmico conceito de "difamação de religiões", reivindicado
pelos países islâmicos.
Ao justificar a ausência nos
debates que começam hoje, o
porta-voz do Departamento de
Estado americano, Robert
Wood, disse que o documento
reafirma declaração de 2001,
que os EUA não apoiaram.
Com agências internacionais
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