São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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Estamos em Gaza para fazer o que os palestinos não fazem, diz Israel

JUAN CARLOS SANZ
DO "EL PAÍS", EM MADRI

Rodeado de rígidas medidas de segurança em um hotel em Madri, o chanceler de Israel, Silvan Shalom, diz que o Exército de seu país está agindo na faixa de Gaza para deter o fluxo de armas vindas do Egito aos extremistas palestinos, o que, diz ele, deveria ser atribuição dos líderes palestinos. Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Shalom, concedida anteontem, antes dos ataques de ontem em Gaza.
 

Pergunta - O sr. acredita que as operações de demolição no campo de Rafah estão sob controle?
Silvan Shalom-
O objetivo é dar mais segurança à população e aos soldados de Israel. Túneis foram abertos desde a parte egípcia até a parte palestina para o contrabando de armas, que são utilizadas pelos extremistas para lançar mísseis contra Israel e desencadear mais ataques suicidas. Estamos ali [em Rafah] para conseguir mais estabilidade, já que a Autoridade Nacional Palestina [ANP] não está fazendo nada nesse sentido. Precisamos fazer o que eles não fazem. Israel não tem culpa do fato de as saídas dos túneis ficarem nessas casas nem de elas serem os lugares desde onde os franco-atiradores disparam. A Autoridade Palestina ainda deve cumprir sua promessa de desmantelar a infra-estrutura das organizações terroristas, mas não está disposta a tomar essa decisão estratégica. Enquanto ela continuar sem cumprir seus compromissos, nós o faremos em seu lugar. E, em lugar de condenar a luta israelense contra o terrorismo, seria melhor somar todas as forças da comunidade internacional para desmantelar a infra-estrutura das organizações terroristas. Israel tem direito à autodefesa.

Pergunta - Ainda resta alguma chance para o processo de paz esboçado pelo Quarteto (EUA, União Européia, Rússia e ONU) ou esse é um plano que já está morto?
Shalom-
Não deve ser impossível voltar a ele. Ficamos muito contentes, na época, pelo fato de o plano ter sido adotado por ambas as partes. Acreditávamos que estávamos diante de um novo clima que traria paz e estabilidade para a região. Infelizmente, porém, os palestinos não querem cumprir seus compromissos. [O presidente da ANP] Iasser Arafat é o principal extremista, com quem não temos podido chegar a nenhum acordo desde que ele chegou à região, em 1994. Ele trouxe o fenômeno dos terroristas suicidas.


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