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Estamos em Gaza para fazer o que os palestinos não fazem, diz Israel
JUAN CARLOS SANZ
DO "EL PAÍS", EM MADRI
Rodeado de rígidas medidas de
segurança em um hotel em Madri, o chanceler de Israel, Silvan
Shalom, diz que o Exército de seu
país está agindo na faixa de Gaza
para deter o fluxo de armas vindas do Egito aos extremistas palestinos, o que, diz ele, deveria ser
atribuição dos líderes palestinos.
Leia a seguir os principais trechos
da entrevista de Shalom, concedida anteontem, antes dos ataques
de ontem em Gaza.
Pergunta - O sr. acredita que as
operações de demolição no campo
de Rafah estão sob controle?
Silvan Shalom- O objetivo é dar
mais segurança à população e aos
soldados de Israel. Túneis foram
abertos desde a parte egípcia até a
parte palestina para o contrabando de armas, que são utilizadas
pelos extremistas para lançar mísseis contra Israel e desencadear
mais ataques suicidas. Estamos ali
[em Rafah] para conseguir mais
estabilidade, já que a Autoridade
Nacional Palestina [ANP] não está fazendo nada nesse sentido.
Precisamos fazer o que eles não
fazem. Israel não tem culpa do fato de as saídas dos túneis ficarem
nessas casas nem de elas serem os
lugares desde onde os franco-atiradores disparam. A Autoridade
Palestina ainda deve cumprir sua
promessa de desmantelar a infra-estrutura das organizações terroristas, mas não está disposta a tomar essa decisão estratégica. Enquanto ela continuar sem cumprir seus compromissos, nós o faremos em seu lugar. E, em lugar
de condenar a luta israelense contra o terrorismo, seria melhor somar todas as forças da comunidade internacional para desmantelar a infra-estrutura das organizações terroristas. Israel tem direito
à autodefesa.
Pergunta - Ainda resta alguma
chance para o processo de paz esboçado pelo Quarteto (EUA, União
Européia, Rússia e ONU) ou esse é
um plano que já está morto?
Shalom- Não deve ser impossível voltar a ele. Ficamos muito
contentes, na época, pelo fato de o
plano ter sido adotado por ambas
as partes. Acreditávamos que estávamos diante de um novo clima
que traria paz e estabilidade para
a região. Infelizmente, porém, os
palestinos não querem cumprir
seus compromissos. [O presidente da ANP] Iasser Arafat é o principal extremista, com quem não
temos podido chegar a nenhum
acordo desde que ele chegou à região, em 1994. Ele trouxe o fenômeno dos terroristas suicidas.
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