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Abordagem de Obama para Irã frustra Israel
EUA acreditam que há tempo para fazer Teerã abandonar programa nuclear por via diplomática; para Israel, tema é urgente
Aposta de Washington é em cenário mais favorável após eleições iranianas em junho; israelenses creem que nada fará Irã desistir de bomba
DO "NEW YORK TIMES"
Após a primeira visita do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, anteontem, à Casa
Branca, parece claro que ele e
Barack Obama ainda não concordam sobre a questão básica
de quanto tempo resta para impedir o Irã de conseguir construir armas nucleares.
Começa agora, portanto, a
corrida diplomática de Obama.
Sua declaração de que "não vamos conversar para sempre"
foi um aviso aos iranianos de
que sua abordagem -um engajamento americano sério com
Teerã pela primeira vez em três
décadas- precisa render frutos
antes que o Irã supere os últimos obstáculos tecnológicos à
construção de uma arma. É
uma estratégia que funcionários do governo descrevem como "negociações com pressão".
"Há uma corrida em três pistas acontecendo", disse um dos
estrategistas de Obama. "Estamos correndo para fazer progresso diplomático. Os iranianos estão correndo para fazer
de sua capacidade nuclear um
fato consumado. E os israelenses estão correndo para propor
uma alternativa militar convincente que possa impor um revés ao programa iraniano."
As divergências entre EUA e
Israel começam com a questão
fundamental de quanto tempo
ainda resta para frear o programa iraniano. "Estamos analisando os mesmos indícios",
disse o general Michael Herzog, chefe de gabinete do Ministério da Defesa israelense.
"Mas os interpretamos de maneira diferente."
A interpretação dos EUA é
que o Irã pode atingir a capacidade de construir uma bomba
em qualquer momento entre
2010 e 2015. Funcionários da
inteligência americana dizem
crer que o Irã não vai possuir
uma capacidade nuclear séria
até o final desse prazo. "Dispomos de algum tempo", disse recentemente o secretário da Defesa, Robert Gates.
O general Herzog faz estimativa mais sombria. "Se os iranianos decidirem apressar o
processo, eles poderão ter uma
primeira arma no final de 2010
ou início de 2011, e para isso
não falta muito tempo."
No encerramento de sua visita aos EUA, Netanyahu repetiu
ontem ao Congresso o discurso
de que a suposta ameaça iraniana é o maior obstáculo à paz no
Oriente Médio.
Aposta
A estratégia de Obama para o
Irã se baseia numa aposta gigantesca: que, depois das eleições de 12 de junho, o caminho
ficará aberto para convencer os
iranianos de que é de seu interesse de longo prazo chegar a
um acordo, trocando sua capacidade de produzir seu próprio
combustível nuclear por uma
série de recompensas tentadoras. Os possíveis incentivos começam com a perspectiva de
abrir as torneiras do investimento na decrépita infraestrutura petrolífera do Irã e de até
mesmo reconhecer -e auxiliar- uma capacidade nuclear
civil para o Irã, desde que o país
não ponha as mãos sobre o
combustível nuclear.
Nos bastidores, trabalho vem
sendo feito no outro lado do
balcão: como intensificar a
pressão. Algumas táticas envolvem persuadir os chineses a parar de obstruir a imposição de
sanções contra o Irã. E, se até o
final do ano os iranianos ainda
se negarem a encetar negociações sérias, os assessores de
Obama já vêm discutindo sanções mais extremas. Uma delas
envolve o corte de garantias de
crédito a empresas europeias
que fazem negócios com o Irã.
Mas autoridades israelenses
expressam ceticismo quanto às
chances de funcionar qualquer
combinação de nova abertura
diplomática e uma escalada
gradual das pressões. A avaliação deles é que o Irã quer a
bomba e ponto final.
Um alto funcionário israelense que conversou com jornalistas após o encontro dos
dois líderes disse que, na visão
dele, o único marco que importa realmente este ano será a interrupção dos trabalhos de
enriquecimento de urânio pelo
Irã. Se isso não acontecer, disse
ele, a cada dia que as conversações se arrastam, o Irã apenas
chega mais perto da capacidade
de construir a bomba nuclear.
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