São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Atentado atinge outra vez Jerusalém; Israel invade cidades da Cisjordânia, matando quatro, e bombardeia Gaza

Nova ação palestina mata 6; Israel retalia

Reuters
Bombeiro trabalha no resgate próximo a carrinho de bebê e corpo de vítima do atentado num ponto de ônibus de Jerusalém


DA REDAÇÃO

Um terrorista suicida palestino matou pelo menos seis pessoas e feriu 35 ao detonar uma bomba em um ponto de ônibus em Jerusalém Oriental. A ação aconteceu um dia após outro atentado ter deixado 19 mortos na cidade.
Israel respondeu aos atentados com incursões em quatro cidades da Cisjordânia e bombardeio na faixa de Gaza. Quatro palestinos morreram e três soldados israelenses se feriram em choques na invasão a Qalqilya (Cisjordânia).
Os atentados e a resposta israelense fizeram os EUA adiarem anúncio de iniciativa de paz.
O grupo extremista palestino Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligado ao Fatah (grupo político de Iasser Arafat), assumiu a autoria do ataque. Israel diz ter documentos que provam que Arafat financia o grupo. Arafat nega. Ele condenou os últimos atentados e, ontem, pediu novamente o seu fim.
Crescem em Israel pressões para que Arafat seja expulso dos territórios palestinos. Tropas israelenses entraram ontem em Ramallah, onde está o QG do líder.
Israel anunciou na madrugada de ontem uma mudança em sua política antiterrorista, que agora será baseada na reocupação sistemática de áreas sob controle palestino "enquanto o terror persistir". O ministro da Defesa de Israel, Binyamin Ben Eliezer, afirmou que as forças israelenses devem permanecer até três semanas nas áreas palestinas. Nas últimas semanas, faziam incursões de horas ou poucos dias. Israel disse ainda que pode expulsar líderes próximos a Arafat.
O ataque de ontem aconteceu no bairro de French Hill, localizado na parte oriental de Jerusalém, que é reivindicada pelos palestinos e foi tomada por Israel na guerra árabe-israelense de 1967.
O chefe da polícia de Jerusalém, Mickey Levy, disse à rádio do Exército que o "homem-bomba estava sendo perseguido por policiais quando chegou ao ponto de ônibus e detonou os explosivos".
Mais uma vez, o governo israelense culpou a Autoridade Nacional Palestina, presidida por Arafat, pelo atentado.
O ministro da Informação palestino, Iasser Abed Rabbo, afirmou que Israel quer usar o terrorismo como pretexto para lançar o terror contra os palestinos e contra qualquer possibilidade de se estabelecer um Estado palestino independente. Outras lideranças palestinas também pediram o fim dos ataques (leia texto abaixo)
O presidente dos EUA, George W. Bush, condenou o novo ataque e afirmou que Israel tem o direito de se defender. O discurso que ele faria nestes dias para pedir a criação de um Estado palestino provisório foi adiado.
"O presidente sabe o que quer falar. E o divulgará quando achar que possa ser produtivo", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, sobre o adiamento para data indefinida do discurso de Bush. "Isso deverá ser feito em breve. É duro focar as pessoas na paz hoje, quando elas estão sofrendo as consequências do terrorismo enquanto conversamos", acrescentou. "Para o presidente, Israel tem o direito de se defender", finalizou o porta-voz.
O ministro do Trabalho palestino, Ghassan al Khatib, disse que a decisão de adiar o discurso feita por Bush alimentará a violência.
O papa João Paulo 2º fez fortes críticas aos atentados: "Quem comete esses ataques bárbaros terão de responder perante Deus".

Resposta
Na ofensiva israelense realizada ontem em resposta aos atentados, a cidade mais atingida foi Qalqilya. Forças israelenses enfrentaram resistência palestina ao realizar buscas de militantes e armas de casa em casa, em ação similar à utilizada durante a operação "Muro Protetor", na qual o Exército de Israel reocupou grande parte da Cisjordânia entre o fim de março e o início de maio. Nos combates de ontem, quatro palestinos morreram e três soldados israelenses foram feridos.
Em Jenin, atiradores palestinos dispararam contra tanques israelenses, que evitaram revidar. Israel também realizou operações em Nablus. No início da noite, tanques entraram em Ramallah, onde fica o quartel-general da ANP no qual está Arafat.
Helicópteros bombardearam cinco alvos palestinos na faixa de Gaza, ferindo 13 pessoas.
Com o ataque de ontem, o 71º desde a eclosão da Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense), em setembro de 2000, e a resposta de Israel, o número de mortos já chegam a 1.407 palestinos e 530 israelenses.

Com agências internacionais


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