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Futuro embaixador dos EUA no Brasil será sabatinado durante jogo com Japão
DE WASHINGTON
Sua assessoria vazou que ele
está fazendo um curso-relâmpago de português; agora só falta alguém que lhe dê dicas sobre a paixão dos locais por futebol. O empresário Clifford M.
Sobel, indicado pelo presidente
George W. Bush para ser o próximo embaixador dos Estados
Unidos no Brasil, teve sua sabatina de confirmação no cargo
marcada no Senado norte-americano para a tarde desta
quinta-feira. Ou seja, a sessão
de perguntas e respostas coincidirá com o jogo do Brasil contra o Japão, o último da primeira fase da Copa do Mundo.
Sobel será sabatinado pela
Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano, presidida por Richard G.
Lugar, republicano do Estado
de Indiana. Fazem parte do comitê outros 17 senadores, entre
eles Barack Obama, de Illinois,
atual estrela em ascensão do
Partido Democrata e um dos
nomes cogitados à pré-candidatura nas eleições presidenciais de 2008.
O empresário foi indicado
pelo presidente no final do mês
passado, sete meses depois da
saída de John Danilovich, que
ficou dezessete meses num cargo que enfrenta certa rotatividade na gestão Bush. Sua indicação é uma solução conciliatória entre os que defendiam um
funcionário de carreira e os que
achavam que a nomeação deveria ser política. É que Sobel foi
embaixador dos EUA na Holanda, mas é também um dos
grandes arrecadadores e contribuintes das campanhas presidenciais que elegeram o republicano em 2001 e 2005.
A Folha apurou que o Departamento de Estado justificou a
demora de certa maneira inusual na indicação dizendo que o
presidente buscava alguém de
seu "círculo íntimo" de amigos,
devido à importância estratégica do Brasil na política externa
norte-americana. Respeitando
o protocolo, o embaixador do
Brasil nos EUA, Roberto Abdenur, só terá sua primeira conversa com Sobel depois da
aprovação pelo Senado.
Fogo amigo
Seja como for, o futuro embaixador deve enfrentar fogo
amigo na sessão de quinta-feira. Apesar de republicano, Richard G. Lugar, 74, o presidente
da comissão que o sabatinará, é
conhecido por ser um "maverick", um político com opiniões
próprias em relação à cartilha
da Casa Branca.
Uma vez pré-candidato a sucessor de Colin Powell como titular do Departamento de Estado, cargo que seria ocupado
por Condoleezza Rice, Lugar é
crítico da maneira com que os
EUA conduzem a reconstrução
do Iraque e deu trabalho a John
Bolton na audiência que confirmou o linha-dura como o embaixador norte-americano nas
Nações Unidas.
Na audiência de quinta, Lugar deve focar suas perguntas
no etanol brasileiro como alternativa ao problema de combustível dos EUA, um dos temas
queridos do senador, mas não é
improvável que questione o papel desempenhado por Sobel
na inauguração do Tribunal Penal Internacional em Haia,
quando o então embaixador
deixou de comparecer à cerimônia -os EUA não reconhecem a legitimidade da entidade.
Outros assuntos a dominar a
sabatina serão as relações comerciais Brasil-EUA, que passam por momento delicado por
conta das negociações da chamada Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio
(OMC), o papel do país como
contraponto ao crescente peso
do venezuelano Hugo Chávez
no continente e os problemas
da região da Tríplice Fronteira
(Brasil-Argentina-Paraguai),
considerada pelo Departamento de Estado um "paraíso para
terroristas" na América do Sul.
Nascido em 1949, Clifford M.
Sobel fez fortuna como CEO de
empresas de tecnologia em Nova Jersey, entre elas a
Net2Phone, que fornece programa para ligações telefônicas
via internet, as chamadas
VOIP. Pela Net2Phone, um telefonema entre Nova Jersey,
onde Sobel mora, e Brasília, onde passará a viver se for confirmado no Senado norte-americano, custa US$ 0,17, em média,
por minuto.
(SD)
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