São Paulo, quarta-feira, 20 de junho de 2007

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Explosão de caminhão-bomba mata 78 no Iraque

Ataque visou mesquita xiita no centro de Bagdá e deixou mais de 200 feridos

EUA promovem operação militar com mais de 10 mil homens na Província de Diyala, novo bastião da insurgência sunita no país

DO "NEW YORK TIMES", EM BAQUBA

Ao menos 78 pessoas morreram e 224 foram feridas em decorrência da explosão de um caminhão-bomba diante de uma mesquita xiita no centro de Bagdá ontem, segundo dia de uma ofensiva contra insurgentes sunitas na capital e suas redondezas. Mais de 10 mil soldados das forças lideradas pelos EUA participam da ação.
A explosão na mesquita de Khillani aconteceu pouco depois da suspensão do toque de recolher na área, domingo. "Cinco dias de toque de recolher nos impediram de vir trabalhar, e hoje explode um carro-bomba", disse um comerciante. "Como vou enfrentar isso e alimentar minha família?"
Sobreviventes reclamaram que não puderam ajudar as vítimas porque as forças americanas e iraquianas os afastaram. Tiros foram disparados logo após a explosão.
O ataque foi o mais recente numa série a ter como alvo mesquitas, iniciada na semana passada, quando insurgentes destruíram os dois minaretes remanescentes de uma importante mesquita xiita em Samarra -a mesma atingida no ano passado, em um ataque que detonou a onda de violência sectária que tomou o país desde então. Várias mesquitas sunitas no sul do Iraque foram destruídas em retaliação.

Ofensiva
A ofensiva da coalizão, que começou na noite de segunda-feira e até ontem havia resultado na morte de 22 supostos insurgentes, segundo militares, visa reduzir os persistentes atentados suicidas e com carros-bomba que vêm semeando terror entre a população e frustrando a reconciliação política.
A ação é incomum em seu âmbito e objetivo, representando uma estratégia mais agressiva de visar vários redutos insurgentes simultaneamente para reprimir a violência em todo o país, e reflete o reconhecimento de que a chegada de novas tropas americanas em Bagdá nos últimos meses levou os insurgentes a transferir suas forças da capital e da Província de Anbar. Nos últimos meses a Província de Diyala, palco da ofensiva, emergiu como centro da insurgência sunita.
No que pareceu uma operação distinta no sul do país, perto da fronteira iraniana, uma batalha entre tropas dos EUA e militantes xiitas deixou pelo menos 20 mortos e dezenas de feridos, disseram funcionários iraquianos e americanos.
Os choques em Amara e Majjar al Kabir, duas cidades de maioria xiita pouco ao norte de Basra, começaram na manhã de anteontem. Foram desencadeados por investidas contra o que representantes americanos descreveram como uma rede secreta envolvida no transporte de "ajuda letal" do Irã ao Iraque -os EUA acusam Teerã de suprir milícias iraquianas.
De acordo com funcionários alinhados com o clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, em Basra, os combates envolveram integrantes da milícia de Sadr, o Exército Mahdi. A batalha parece ter sido o maior choque com a milícia de Sadr desde o início da aplicação do novo plano de segurança americano, em fevereiro último.
A violência continuou em outras partes do Iraque, não obstante a operação militar intensificada. No sul de Bagdá, a explosão em seqüência de dois carros-bomba perto de uma tubulação de gás matou pelo menos sete pessoas e feriu outras 29, disse um funcionário do Ministério do Interior.
As autoridades de Bagdá encontraram 33 corpos não identificados, muitos mostrando sinais de tortura, enquanto morteiros, disparos e bombas em toda a capital mataram pelo menos outras nove pessoas.


Tradução de CLARA ALLAIN


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