São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Irlanda é pressionada a voltar atrás em tratado

DO ENVIADO A BRUXELAS

"Não significa não." A mensagem, formada por manifestantes contrários ao Tratado de Lisboa em letras com as cores da bandeira irlandesa, recebia os líderes que chegavam ontem para a cúpula do Conselho Europeu, em Bruxelas. Quase todos, no entanto, tinham em mente justamente o contrário: um "não" pode virar um "sim".
O desapontamento com o triunfo do "não" no referendo da semana passada na Irlanda sobre a reforma das instituições da UE era indisfarçável. Mas ninguém admitia a morte do tratado, que já foi ratificado em 19 dos 27 países do bloco. Pelas regras do acordo, porém, precisa da aprovação unânime para entrar em vigor.

Mensagem contraditória
"Nossa mensagem aqui deve ser a seguinte: respeitamos a decisão dos irlandeses, mas continuaremos com a ratificação do tratado", disse o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates. Uma mensagem aparentemente contraditória, mas que ganhou ressonância entre os demais líderes, num clima de pressão não declarada sobre a Irlanda.
Segundo o premiê esloveno, Janez Jansa, que exerce a Presidência temporária do Conselho Europeu, não foi dado um prazo a Dublin, mas todos esperem respostas até a próxima cúpula, em dezembro. O presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, também pediu respeito ao voto irlandês, mas manifestou otimismo quanto à ratificação nos oito países que restam.
Por sua vez, o premiê irlandês, Brian Cowen, parecia querer apenas ganhar tempo para escapar da pressão política que o coloca em uma de duas situações desconfortáveis: ver seu país ser deixado para trás na integração da UE ou ter que submeter o mesmo tratado ao voto popular novamente. "A Irlanda precisa de tempo para analisar a votação da semana passada e estudar suas opções", disse. "É cedo para qualquer um falar em novas propostas."
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que o impasse em torno do Tratado de Lisboa congela os planos de expansão da UE. "Sem tratado não há expansão", disse.
O próximo obstáculo do Tratado de Lisboa poderá ser a República Tcheca, onde a Justiça examina se o tratado é compatível com a legislação do país. O eurocético presidente tcheco, Vaclav Klaus, chegou a dizer que a ratificação é impossível. Em entrevista à BBC, o premiê Alexandr Vondra alertou os demais membros do bloco: "Qualquer tipo de pressão será contraproducente". (MN)


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