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Irlanda é pressionada a voltar atrás em tratado
DO ENVIADO A BRUXELAS
"Não significa não." A mensagem, formada por manifestantes contrários ao Tratado de
Lisboa em letras com as cores
da bandeira irlandesa, recebia
os líderes que chegavam ontem
para a cúpula do Conselho Europeu, em Bruxelas. Quase todos, no entanto, tinham em
mente justamente o contrário:
um "não" pode virar um "sim".
O desapontamento com o
triunfo do "não" no referendo
da semana passada na Irlanda
sobre a reforma das instituições da UE era indisfarçável.
Mas ninguém admitia a morte
do tratado, que já foi ratificado
em 19 dos 27 países do bloco.
Pelas regras do acordo, porém,
precisa da aprovação unânime
para entrar em vigor.
Mensagem contraditória
"Nossa mensagem aqui deve
ser a seguinte: respeitamos a
decisão dos irlandeses, mas
continuaremos com a ratificação do tratado", disse o primeiro-ministro de Portugal, José
Sócrates. Uma mensagem aparentemente contraditória, mas
que ganhou ressonância entre
os demais líderes, num clima de
pressão não declarada sobre a
Irlanda.
Segundo o premiê esloveno,
Janez Jansa, que exerce a Presidência temporária do Conselho Europeu, não foi dado um
prazo a Dublin, mas todos esperem respostas até a próxima
cúpula, em dezembro. O presidente da Comissão Européia,
José Manuel Barroso, também
pediu respeito ao voto irlandês,
mas manifestou otimismo
quanto à ratificação nos oito
países que restam.
Por sua vez, o premiê irlandês, Brian Cowen, parecia querer apenas ganhar tempo para
escapar da pressão política que
o coloca em uma de duas situações desconfortáveis: ver seu
país ser deixado para trás na integração da UE ou ter que submeter o mesmo tratado ao voto
popular novamente. "A Irlanda
precisa de tempo para analisar
a votação da semana passada e
estudar suas opções", disse. "É
cedo para qualquer um falar em
novas propostas."
O presidente francês, Nicolas
Sarkozy, disse que o impasse
em torno do Tratado de Lisboa
congela os planos de expansão
da UE. "Sem tratado não há expansão", disse.
O próximo obstáculo do Tratado de Lisboa poderá ser a República Tcheca, onde a Justiça
examina se o tratado é compatível com a legislação do país. O
eurocético presidente tcheco,
Vaclav Klaus, chegou a dizer
que a ratificação é impossível.
Em entrevista à BBC, o premiê
Alexandr Vondra alertou os demais membros do bloco: "Qualquer tipo de pressão será contraproducente".
(MN)
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