São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Obama rejeita financiamento público, e rivais o acusam de não ter palavra

Candidato afirma que sistema que limita gastos beneficiaria republicanos

DO "NEW YORK TIMES"

O postulante democrata à Presidência dos EUA, Barack Obama, anunciou ontem que não adotará o financiamento público exclusivo na sua campanha, tornando-se o primeiro candidato de um dos dois grandes partidos a fazê-lo desde a criação desse sistema , em 1976.
Obama fez o anúncio em mensagem de vídeo postada na internet. Ele argumentou que o sistema, que limita os gastos de campanha, o colocaria em desvantagem na disputa contra seu adversário, John McCain, que se beneficiaria de doações ao Partido Republicano.
"O financiamento público das eleições presidenciais é falho, e enfrentamos adversários que são mestres em jogar com esse sistema", disse Obama. "A campanha de McCain é movida por contribuições de lobistas de Washington e comitês de ação política (CAPs) que defendem interesses especiais."
Logo após ter saído vencedor da disputa interna contra a ex-primeira-dama Hillary Clinton, Obama havia anunciado que não aceitaria verbas de lobistas e CAPs na sua campanha.
Pelo sistema público de financiamento, cada candidato receberia US$ 84,1 milhões para financiar a campanha. Em troca, seria proibido de gastar mais do que esse valor.
Todos os indicativos são de que Obama não terá dificuldade em levantar mais que isso -nas primárias, arrecadou US$ 265 milhões (a maior parte em pequenas contribuições de até US$ 100 por pessoa feitas pela internet), muito acima dos US$ 155 milhões de McCain.
No entanto, o Comitê Nacional Republicano vem tendo mais êxito na arrecadação do que o Comitê Nacional Democrata. Os partidos não estão submetidos às mesmas restrições que os candidatos e podem receber doações individuais bem maiores do que os US$ 2.300 que a lei permite no caso de contribuição aos candidatos.

"Sem palavra"
Obama tinha prometido reunir-se com McCain após as primárias para tentar acertar um acordo sobre o financiamento. O encontro não chegou a acontecer porque uma reunião realizada entre advogados das duas partes foi infrutífera.
Charlie Black, assessor de McCain, acusou Obama de ter "quebrado sua palavra". A diretora de comunicações da campanha republicana, Jill Hazelbaker, disse: "O verdadeiro teste de um candidato é se ele se mantém fiel a seus princípios e cumpre o que prometeu ao povo americano. Obama foi reprovado nesse teste hoje".
Obama não chegou a prometer que adotaria o financiamento público. Mas ao ser indagado, num questionário, se participaria do sistema se seus adversários fizessem o mesmo, Obama escreveu que sim. "Se eu me tornar o candidato democrata, buscarei agressivamente um acordo com o candidato republicano para preservar uma eleição geral publicamente financiada", completou.
Desde então, disse que adotaria o sistema apenas se McCain concordasse em limitar os gastos do Partido Republicano.


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