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EUA elevam o tom; aiatolá acusa potências de "arrogância"
DA REDAÇÃO
O presidente americano, Barack Obama, elevou ontem o
tom das críticas à reação do governo iraniano contra os protestos oposicionistas que denunciam fraude na eleição presidencial da semana passada.
"Em vista do teor e do tom de
algumas declarações [de Teerã], me parece importante que
o governo iraniano saiba que
está sendo observado pelo
mundo", disse Obama em entrevista à TV CBS News.
O democrata afirmou que a
opinião pública internacional
sobre o Irã depende em grande
parte de como Teerã trata as
pessoas que "tentam ser ouvidas de maneira pacífica".
Horas antes, um porta-voz da
Casa Branca chamara de "algo
extraordinário" o levante popular em curso no Irã.
Até então, prevalecia no governo americano uma posição
cautelosa, cujo propósito era
ressaltar que os EUA não pretendem repetir o ocorrido em
1953, quando um golpe da CIA
derrubou o então premiê Mohamed Mossadegh.
O incidente alimenta até hoje
a desconfiança de boa parte dos
iranianos em relação à política
externa da Casa Branca.
A mudança retórica de Obama resulta de pressões da oposição. Por impulso do Partido
Republicano, a Câmara dos Representantes (deputados)
aprovou ontem por 405 votos a
1 uma resolução que condena a
repressão dos manifestantes.
Mas ainda não há sinais de
que Obama recuará de seu esforço para buscar diálogo com
Teerã, com quem os EUA estão
rompidos desde 1980.
Em seu discurso ontem, o líder supremo Ali Khamenei voltou a criticar os países ocidentais, especialmente EUA e Reino Unido, acusando-os de serem hostis à Revolução Islâmica. Ele os alertou a não interferirem nos assuntos iranianos e
fez duras ameaças aos líderes
oposicionistas.
As declarações de Khamenei
foram consideradas "decepcionantes" pela Alemanha e "inaceitáveis" pelo Reino Unido.
A Chancelaria britânica convocou ontem o embaixador iraniano em Londres a se explicar
sobre a repressão a oposicionistas, mas a representação
mandou um diplomata subalterno, alegando que o chefe da
missão estava "indisponível".
Críticas também vieram dos
chefes de Estado e de governo
dos 27 países da União Europeia, reunidos em Bruxelas.
Os líderes do bloco divulgaram ontem comunicado cobrando do Irã que "garanta o
direito de expressão pacífica e
se abstenha de recorrer à força"
contra manifestantes.
Na contramão das potências
ocidentais, Venezuela, China,
Rússia e Brasil reconheceram
abertamente a reeleição de
Mahmoud Ahmadinejad.
Com agências internacionais
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