São Paulo, sábado, 20 de junho de 2009

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EUA elevam o tom; aiatolá acusa potências de "arrogância"

DA REDAÇÃO

O presidente americano, Barack Obama, elevou ontem o tom das críticas à reação do governo iraniano contra os protestos oposicionistas que denunciam fraude na eleição presidencial da semana passada.
"Em vista do teor e do tom de algumas declarações [de Teerã], me parece importante que o governo iraniano saiba que está sendo observado pelo mundo", disse Obama em entrevista à TV CBS News.
O democrata afirmou que a opinião pública internacional sobre o Irã depende em grande parte de como Teerã trata as pessoas que "tentam ser ouvidas de maneira pacífica".
Horas antes, um porta-voz da Casa Branca chamara de "algo extraordinário" o levante popular em curso no Irã.
Até então, prevalecia no governo americano uma posição cautelosa, cujo propósito era ressaltar que os EUA não pretendem repetir o ocorrido em 1953, quando um golpe da CIA derrubou o então premiê Mohamed Mossadegh.
O incidente alimenta até hoje a desconfiança de boa parte dos iranianos em relação à política externa da Casa Branca.
A mudança retórica de Obama resulta de pressões da oposição. Por impulso do Partido Republicano, a Câmara dos Representantes (deputados) aprovou ontem por 405 votos a 1 uma resolução que condena a repressão dos manifestantes.
Mas ainda não há sinais de que Obama recuará de seu esforço para buscar diálogo com Teerã, com quem os EUA estão rompidos desde 1980.
Em seu discurso ontem, o líder supremo Ali Khamenei voltou a criticar os países ocidentais, especialmente EUA e Reino Unido, acusando-os de serem hostis à Revolução Islâmica. Ele os alertou a não interferirem nos assuntos iranianos e fez duras ameaças aos líderes oposicionistas.
As declarações de Khamenei foram consideradas "decepcionantes" pela Alemanha e "inaceitáveis" pelo Reino Unido.
A Chancelaria britânica convocou ontem o embaixador iraniano em Londres a se explicar sobre a repressão a oposicionistas, mas a representação mandou um diplomata subalterno, alegando que o chefe da missão estava "indisponível".
Críticas também vieram dos chefes de Estado e de governo dos 27 países da União Europeia, reunidos em Bruxelas.
Os líderes do bloco divulgaram ontem comunicado cobrando do Irã que "garanta o direito de expressão pacífica e se abstenha de recorrer à força" contra manifestantes.
Na contramão das potências ocidentais, Venezuela, China, Rússia e Brasil reconheceram abertamente a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad.

Com agências internacionais



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