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Mais de 27% dos homens sul-africanos já estupraram
Prática pesa para alto índice de infecção pelo HIV no país
DA REDAÇÃO
Uma sondagem realizada pelo Conselho de Pesquisa Médica (CPM) da África do Sul revelou que 27,6% dos homens do
país admitem já ter cometido
estupro. A prática é considerada um dos principais motivos
para o alto índice de infecção
pelo vírus HIV entre os sul-africanos -12% de 47 milhões.
Foram entrevistados na pesquisa do CPM 1.738 homens
em áreas rurais e urbanas das
Províncias (Estados) do Cabo
Ocidental e de KwaZulu-Natal.
A pesquisa aponta que 74%
dos sul-africanos que admitem
ter cometido estupro o fizeram
pela primeira vez antes dos 20
anos de idade -e 10% antes dos
dez anos de idade. Cerca de 5%
dos entrevistados admitiram já
ter violentado outros homens.
O estupro chamado "íntimo",
de atuais ou ex-parceiras, foi
cometido por 14%. É nesse grupo que, segundo os pesquisadores, foi verificada a maior relação entre a prática do estupro e
a infecção por HIV. Já entre o
total de homens que dizem ter
cometido o crime e o total dos
que dizem não tê-lo cometido a
diferença não é significativa.
Quase a metade dos homens
que já estupraram o fizeram
duas ou mais vezes -7,7% estupraram mais de dez mulheres.
E 1 em cada 10 deles afirmou tê-lo feito na companhia de "gangues" de estupradores.
"O estupro é um problema
que vem das ideias de masculinidade na África do Sul. A posição do homem é superior à da
mulher na sociedade e legitima
esse tipo de comportamento",
disse a diretora do setor de gênero do CPM, Rachel Jewkes.
Para os pesquisadores, a alta
incidência entre os mais jovens
aponta para o risco de reversão
de avanços obtidos nos últimos
anos em relação à desigualdade
de gênero e para a necessidade
de uma abordagem não apenas
repressiva em relação ao tema.
"Uma mudança precisa estar
ligada à existência de modelos
alternativos sobre como ser homem, o que exige melhorias no
sistema educacional e maiores
oportunidades de emprego para os mais jovens", diz Jewkes.
O perfil dos homens que disseram ter estuprado não aponta, no entanto, relação direta
com a pobreza. Segundo o relatório, eles se encontram geralmente em camadas intermediárias de renda e escolaridade.
Estupro e Aids são temas
sensíveis na África do Sul. Além
da alta incidência de ambos,
posições públicas de autoridades como o atual presidente,
Jacob Zuma, e o seu antecessor, Thabo Mbeki, têm gerado
revolta nos últimos anos entre
ativistas de combate à Aids.
Em 2006, Zuma enfrentou
uma acusação de estupro e foi
inocentado. No processo, o político, que preserva a tradição
de poligamia, justificou o sexo
sem proteção pelo fato de tomar uma ducha após o ato.
Com agências internacionais
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