São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 2011

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ENTREVISTA

'Só ação militar estrangeira derruba Assad'

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

A Síria está rachada ao meio, diz Joshua Landis, diretor do Centro de Estudos do Oriente Médio da Universidade de Oklahoma (EUA). Para Landis, um dos principais especialistas dos EUA em Síria, o ditador Bashar Assad continua no poder graças à lealdade do Exército. Em entrevista à Folha, ele prevê que só uma ação militar estrangeira poderá derrubar o regime sírio.
 

Folha - Qual a real situação na Síria?
Joshua Landis - Os sírios estão divididos ao meio. Nas regiões mais pobres há uma ampla hostilidade ao regime. Mas o apoio é bem maior do que aparece na mídia ocidental. Para a oposição, é uma luta popular por liberdade contra um ditador e a crueldade de sua família, mas essa é apenas parte da história. As classes média e alta, os mais velhos e a maioria das minorias veem o regime de forma positiva.

Folha - A Síria caminha para uma guerra civil?
Landis -
Há deserções e divisões entre os militares. Mas enquanto a liderança do Exército permanecer firme e continuar solidamente apoiando o regime, será muito difícil derrubar o governo. A não ser que um Exército estrangeiro intervenha, o que é difícil de imaginar no momento.

Folha - Qual a base de sustentação do regime sírio?
Landis -
A família é a base da lealdade e a maioria dos militares de alta patente e os comandantes da segurança são alauítas [ramo do Islã ao qual pertence a família Assad]. Ele se cercou de membros da família e tornou o regime à prova de golpes.

Folha - O Brasil tem relutado em apoiar uma resolução condenando a Síria. O sr. entende a hesitação?
Landis -
Quando há sanções e condenações, a próxima medida é a ação militar. Os sírios quase unanimemente dizem que não querem uma intervenção estrangeira, o que pode servir de consolo para o Brasil.

Folha - Quem é a oposição síria?
Landis -
Ninguém tem a resposta. A oposição na Síria sempre foi fraca e fragmentada e esse é um dos motivos de o regime sírio ter se mantido absoluto no poder. A maior parte dos protestos tem sido feitos por ativistas jovens, que não conhecemos, pois são desunidos e lutam em segredo.

Folha - O próximo passo poderá ser uma oposição armada, como na Líbia?
Landis -
É natural que esse seja o próximo passo. Mas para que a insurgência continue é preciso conquistar território, para organizar um exército rebelde, como na Líbia. Mas o governo está conseguindo manter o controle do território.

FOLHA.com
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folha.com/mu932215


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